Penso rápido (66)
Apesar de tudo, fomos galgando patamares civilizacionais. Adquirimos - e bem - tabus culturais que nos distanciaram do ser cavernícola dos primórdios. A antropofagia, o incesto, o esclavagismo, a violentação, a tortura e tantas outras expressões da "besta" foram sendo alvo de sucessivos anátemas sociais, formando uma espécie de cartilha universal de valores. O problema é que tudo está envolvido numa redoma demasiado fina, que se estilhaça com excessiva facilidade. Os últimos cem anos de história humana demonstram isso mesmo. E as chamadas "redes sociais", num revelador efeito de espelho, confirmam a curta distância que ainda separa a civilização da barbárie.
Nunca podemos dar nada por garantido: a via do retrocesso está sempre latente. As tecnologias contemporâneas só a potenciam, em vez de a afugentarem.