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Delito de Opinião

Penso rápido (64)

Pedro Correia, 13.02.15

Já li mil textos a profetizar o desmembramento da União Europeia e a derrocada do euro. Enquanto esses textos se sucediam a um ritmo imparável, a União Europeia alargava-se continuamente (passando de 12 países em 1986 para os 28 actuais). A mais recente adesão foi a da Croácia, em 2013. E o euro ia conquistando terreno: já nesta segunda década do século XXI passou a circular oficialmente nos estados bálticos (Estónia, Letónia, Lituânia).
Nenhum estado-membro, por decisão soberana, decidiu abandonar a UE. Pelo contrário, quase metade dos países comunitários (13 em 28) aderiu de 2004 para cá. E vários outros já bateram à porta, aguardando resposta favorável: Turquia, Montenegro, Macedónia, Islândia, Albânia e Sérvia.
Nenhum deles, vá-se lá saber porquê, deu ouvidos aos profetas da desgraça.

2 comentários

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    Miguel 14.02.2015

    Eu ando a ouvir falar que o mercado laboral em Portugal é demasiado rígido há anos; ainda gostava de saber o que falta fazer para finalmente ficar adequado. Não me lembro do despedimento daqueles 120 trabalhadores da PT ter gerado quaisquer dificuldades; eu hei-de saber, fui um deles; só bastou chegar ao call-center e disseram-me para esperar que iam ter uma conversa comigo noutra sala; dez minutos mais tarde já estava fora do prédio. Isso ainda não é flexível demais para si? Já praticamente não há efectivos, tudo agora é a contrato mensalmente renovado; ao fim de 3 anos o trabalhador, para não se tornar efectivo, é despedido, fica em casa uns tempos e depois é chamado para assinar novo contrato; é tão descarado que mete nojo. Os jovens, ante estas condições de pura chantagem, já não se juntam aos sindicatos, que apenas durarão enquanto houver uns quanto efectivos; aposto que isso o deixará muito feliz. Daqui a alguns anos ninguém poderá fazer greve ou reivindicar seja o que for porque no mês seguinte a empresa pode decidir não renovar o contrato, por mero despeito. Depois há a praga dos recibos verdes. E quase tudo hoje em dia é mediado através de Empresas de Trabalho Temporário, que ganham mais do que os próprios trabalhadores que recrutam. Os salários são uma piada; o meu pai, operário fabril sem liceu terminado, no mesmo emprego desde 1980, ganha mais do que hoje se quer pagar a um engenheiro. Isto faz sentido? Há estágios e empregos parcial ou quase totalmente financiados pelo estado; as empresas têm trabalho gratuito pago pela segurança social.

    A sério, o que falta fazer, ou roubar, ao mercado laboral para que ele por fim se torne esse milagre que de um dia para o outro resolverá todos os problemas de emprego e salários em Portugal? E entretanto, em que é que isso vai resolver, por exemplo, o problema da factura eléctrica, que é um dos maiores gastos que empresas têm, superior até ao dos salários? Ainda estamos todos à espera para ver as vantagens tão propaladas da privatização da EDP e da liberalização do mercado da energia; onde está toda essa famosa competição que ia levar ao abaixamento de tarifas? E em que é que mexer no código laboral vai resolver o problema de as maiores empresas usarem todas as lacunas legais existentes para pagarem impostos lá fora? Isso mesmo, vamos poupar uns míseros cêntimos nos salários baixos, enquanto milhões escapam ao fisco! Eis uma economia saudável a funcionar! E em que é acabar com efectivos vai levar a mudanças de mentalidade de directores e gestores, que em tempos de crise continuam a comprar carros de luxo, e a tratar mal os clientes, como acontece na empresa do meu pai, de momento a atravessar riscos de falência? A sério, todo o problema se resume ao inflexível mercado laboral que está mais do que flexibilizado?

    Neste país os trabalhadores poderiam xurdir 12 horas diárias gratuitas, comparticipadas pelo Estado, e continuaria sempre a haver alguém a queixar-se das leis rígidas, da dificuldade de despedir, e dos salários astronómicos. Devia ter vergonha, Jorge Gaspar; ou então simplesmente nunca deve ter trabalhado neste país nos último dez anos, pois não faz a menor ideia do que fala.
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