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Delito de Opinião

Pensamento da Semana

Adolfo Mesquita Nunes, 28.10.17

Há na política uma disponibilidade para o outro, uma vocação para o bem comum, para fazer do que temos, do que somos e de como nascemos, algo de melhor. Com desvios, com paragens pelas bermas, com erros e muitas tentativas, com tudo isso e com muitas degenerações, mas sempre, no princípio e nos princípios, uma vocação de serviço. Não há política sem a conjugação do altruísmo. Sem os outros, a política é outra coisa qualquer, um desmando, um arrepio, um vício, mas não política.

Mas a política, desde logo no seu quotidiano, mas sobretudo no sopro inicial, é um exemplar caso de egoísmo, de autossuficiência. Há ali uma presunção de comando, de sabermos mais ou melhor do que os outros e de, por isso, nos caber um papel na definição do dever ser. Não há política sem um pressentimento de predestinação, que, nos melhores casos, revela heroísmo e liderança. Há por isso um egoísmo, pelo menos naquela percepção do Oscar Wilde que vê no egoísmo a vontade de regular como devem os outros viver.

Não há incompatibilidade nesta combinação, de altruísmo e egoísmo, até porque ela se impõe, inevitável. Mas ela é, isso sim, susceptível de milhares de variações, com resultados tão dispares quantos os Grandes deste Mundo, os que admiramos e os que odiamos, porque nenhum egoísmo autoriza unanimidade, nenhum altruísmo garante infalibilidade.

(excerto editado de um texto meu, "A política é o mais altruísta dos egoísmos", publicado no número da revista Egoísta dedicado à Política) 

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana

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