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Delito de Opinião

O primeiro a avançar.

Luís Menezes Leitão, 27.05.14

 

Já tinha hoje escrito aqui que, em virtude do resultado das eleições europeias, tanto os partidos da maioria como o PS deveriam alterar imediatamente as suas lideranças, sob pena de caminharem para o suicídio político. Isto porque os seus actuais líderes não seriam capazes de arrepiar caminho, pelo que só os militantes poderiam salvar os partidos do chamado arco da governação de serem varridos em próximas eleições.

 

No PSD e no CDS já se verificou que isso não vai acontecer. Na verdade, os partidos estão de tal forma disciplinados, que são capazes de proclamar 27% um resultado aceitável e achar normal que o PSD fique com seis deputados europeus e o CDS apenas um, menos do que o MPT. Lá irão por isso os seus deputados na sexta-feira rejeitar a moção de censura do PCP e aproveitar para aplaudir estrondosamente o governo, reforçando o seu mandato para continuar neste caminho. O ridículo disto só a eles parece escapar.

 

Já aos militantes do PS não escapou o ridículo da figura que António José Seguro fez na noite eleitoral, manifestando uma falsa euforia com uma vitória pífia, que os seus apoiantes aplaudiram estrondosamente. António Costa percebeu, porém, o que estava em causa e viu aí logo na noite de domingo uma oportunidade de ouro para se candidatar à liderança. É manifesto que vai ganhar o PS. Aliás, se Seguro tivesse um pingo de responsabilidade tinha-se demitido logo na noite eleitoral, como fez o líder do PSOE espanhol.

 

A ironia disto tudo é que os partidos da maioria ambicionavam que o PS ganhasse precisamente com esta diferença, para segurar a liderança de Seguro, após o que marchariam calmamente para as legislativas. Só que os militantes do PS não são parvos e já perceberam a estratégia, pelo que vai ser com António Costa que o PS se vai apresentar às eleições. Resta saber se o PSD vai opor a António Costa um desgastado Passos Coelho ou, ainda pior, uma Maria Luís Albuquerque a defender o legado da troika. Continuem assim, mas depois não se queixem.

3 comentários

  • Eu não tenho grande opinião do António Costa como governante. Mas é evidente que como político está a anos-luz de Seguro. E fará um claro contraste com Passos Coelho. Seguro e Passos Coelho parecem farinha do mesmo saco.
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    Alexandre Carvalho da Silveira 27.05.2014

    Numa guerra, é fundamental uma boa gestão das munições. O PS gastou os tiros todos que tinha, e que eram de pólvora seca, como está à vista.
    A maioria passou a campanha eleitoral à defesa, tentando minorar o embate das balas, e ficou com o paiol cheio.
    Se souber gerir bem os tiros que tem para dar e não se puser a atirar em todas as direcções, a maioria tem fortes probabilidades de ganhar as legislativas.
    A maioria tem coisas concretas para oferecer aos eleitores; o PS só tem promessas e conversa fiada.
    Embora Passos Coelho tenha grandes fragilidades como politico, convém não o menosprezar. Há três anos meteu a viola no saco ao animal feroz. Num frente-a-frente duvido muito que o Costa ganhe ao Passos Coelho.
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