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Delito de Opinião

O odor dos animais ferozes

José António Abreu, 09.03.17

O que se passou ontem no Parlamento revela muito sobre a incapacidade deste PS debater os assuntos. Quando questionado, ataca, procurando desviar as atenções. Não aceita críticas, venham elas de organismos independentes como o Conselho da Finanças Públicas, venham de deputados cujo mandato inclui precisamente o escrutínio da acção governativa. Nem nos piores momentos da estadia da Troika em Portugal, com a oposição nas ruas, Passos Coelho reagiu como Costa o tem feito.

Mas já vimos este filme. As passagens de Sócrates pela Assembleia seguiam o mesmo guião. E, na verdade, não surpreende que ele continue a ser aplicado: Costa, Galamba, César, Ferro, Nuno Santos foram apoiantes entusiásticos de Sócrates e, como ele, parecem outorgar-se o direito de ocupar um plano acima daquele onde se movimentam todos os outros - e de todas as regras. Enrobustecido pelas necessidades da gerinçonça mas, na verdade, intrínseco, o jacobinismo deste PS é gritante. Adicionem-se-lhe factores como a fragilidade das contas públicas, o «optimismo» comprado com medidas demagógicas, a complacência da União Europeia, e depressa o odor a 2009 se torna indisfarçável.

5 comentários

  • Luís, por enquanto só pessoas com bom olfacto detectam o odor a 2011. Mas de 2009 (quando se aumentavam funcionários públicos) a 2011 (quando se lhes cortavam os salários) é um pulinho...
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    Einstürzende Neubauten 09.03.2017

    Só uns iluminados, portanto, detectam esse odor!
    Quando o Conselho de Finanças Públicas (CFP) defende que só com medidas extraordinária, irrepetíveis, este governo consegue atingir metas, pergunto se não foi o mesmo que o anterior governo de Passos fez?

    A economia não sendo uma ciência neutra, mas sim carregada de ideologia, pergunto-me como pode o CFP ser independente? Independente do quê? Deste governo? Se o é, há-de ser dependente de visões externas/agendas externas.

    Teodora Cardoso se tivesse vergonha, devia ter-se demitido. Erra reiteradamente nas previsões que faz/fez. Não há responsabilidades, quando se erra desta forma? Teodora Cardoso e o seu CFP fazem politica/são instrumento da politica sempre que se pronuncia acerca das medidas do governo
  • Mas não devia ser mais fácil evitar as medidas extraordinárias e acertar previsões em tempos previsíveis? Os tempos do Passos eram de ajuste orçamental violento. Diga-me lá onde é que um ajuste após uma pré-bancarrota (e não esqueçamos que as negociações que lhe definiram os termos foram levadas a cabo pelo PS) não gerou recessão e dificuldades nas previsões?
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    Einstürzende Neubauten 10.03.2017

    A questão da PAF e do reajustamento não se relaciona, a meu ver com a austeridade em si, mas com o modo como essa austeridade foi conduzida - contra uns, e poupando outros (contra os mais vulneráveis e os menos responsáveis pela crise). Porque fomos obrigados a privatizar empresa monopólios naturais - que davam lucro/geravam receita?

    Quanto à crise lusa ela é estrutural e enquanto não se fizer uma reforma do Estado não vamos a lado nenhum - reduzir autarquias/reduzir o poder local - para mim um dos "cancros" do sistema politico em Portugal. Um referendo para sabermos que Estado queremos. Que serviços públicos queremos? Devemos ter Forças Armadas? SNS gratuito? Educação? Amentar impostos em determinados sectores da economia para pagar esses serviços que queremos gratuitos...

    Enquanto a Justiça não funcionar, e continuar a ser instrumento do Poder, também não vamos a lado nenhum. Mas isto são problemas internacionais e não nacionais - surgem em todos os países plutocráticos (todos os países capitalistas).




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