O comentário da semana
«A tecnologia prometeu-nos liberdades. Era promessa sua dar-nos mais tempo para nos cumprirmos como pessoas. A máquina ao serviço do Homem. Mas, como toda a ideia, ela apoderou-se daquele que a pensou e hoje vivemos pela máquina e cada vez mais para a máquina.
Vivemos ao ritmo do artificial.
Não somos hoje mais que uma engrenagem num maquinismo universal e querem fazer-nos crer que devíamos ficar agradecidos pela cintilante prisão.
As novas barras surgem num código, não numa janela.
Um dia, não muito distante, venderemos o corpo, a liberdade sólida, por uma realidade artificial, pressentida, mas não sentida. A máquina será proprietária do nosso corpo em turnos eternos, a troco de uma droga que nos faça esquecer a miserável vida sobrada. E acharemos belas como o pôr do sol as luzes cintilantes de um qualquer plasma.
A máquina toma-nos.
Toda a sensação será artificial, dada por um qualquer interface neuro-electrónico. Aprenderemos em minutos o que hoje levamos anos - apenas para nos tornarem mais longa a pena, e não a Liberdade.
Possivelmente casaremos, por medida, com uma máquina. Com um holograma. Os animais serão substituídos por robots. E erradamente acharemos não necessitar mais da realidade viva do planeta. Do outro. E, nesta ilusão egotista, acabaremos como acessório.
Mão de uma obra eterna.
Antes a morte real do que esta vida "morrida".»
Do nosso leitor Vlad. A propósito deste texto do João Campos.