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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 08.06.14

 

«Estas coisas da União Eueopria podem ser vistas na sua semelhança com o funcionamento interno de um país.
Todos os países têm desequilíbrios económicos nas suas regiões. Umas mais industrializadas do que outras, umas que souberam retirar dividendos pelo turismo, pelos serviços, etc.
A Alemanha não é excepção, e o norte recebe muitas transferências de fundos pela zona mais produtiva a sul, tal como o leste ainda recebe do oeste.

As regiões só têm que ser economicamente equilibradas quando se querem completamente independentes. Com independência, essa região pode controlar os desequilíbrios naturais, usando mecanismos pouco liberais e mais proteccionistas, com restrições ou estímulos direccionados.
Por exemplo, em Portugal, ninguém espera que Trás-os-Montes tenha uma balança equilibrada, e ninguém no seu correcto juízo achará que os transmontanos tenham um defeito congénito ou cultural.

O processo de formação da união europeia teve esse carácter federalista, de aceitar regiões em diferente grau de desenvolvimento, e de patrocinar o fim dos seus equilíbrios económicos produtivos, estimulando o fim dessa produção independente, com a ideia de concentrar a produção no centro da Europa, mais em particular na França/Alemanha, onde já era dominante.

Assistimos assim ao fenómeno das zonas industriais, que em Portugal estão centradas na costa litoral de Lisboa ao Porto, e que na Europa estão na zona central, circundante aos Alpes.
Não passaria pela cabeça de ninguém fazer uma regionalização de Portugal e dizer que as zonas interiores tinham que se "amanhar" para serem economicamente equilibradas, e sem lhes dar sequer mecanismos de independência económica.

Pois bem, depois de promoverem essa ideia de federalização que destruiu sectores produtivos a sul, a UE mudou de ideias e fez justamente isso... disse que as regiões a sul tinham que ter contas certas, sem independência económica.

Ora isso é quase impossível de se conseguir, por se partir de bases desiguais.
Por muito queijo da Serra que se produzisse nas Beiras, não iria haver equilíbrio. E se os beirões se lembrassem de produzir a sua própria cerveja, apanhavam com a Unicer e a Centralcer em cima. Para evitar os desequilíbrios teria que haver um proteccionismo mínimo.

Nós pagamos a autonomia de Açores e Madeira, e ninguém deve ter problemas com isso. É assim que funciona uma economia ligada num objectivo comum.
Se Açores e Madeira se tornassem independentes arranjariam maneira de equilibrar as suas contas... mas não seria a deixar entrar os produtos do continente como se fossem os grandes amigos de antes. Não, teriam que colocar barreiras, sob pena de estarem sob constante défice.

Por isso se a UE quer brincar a esse jogo... só há uma resposta em bom português:
- Puta que os pariu!»

 

Do nosso leitor da Maia. A propósito deste texto do Rui Hebron.

2 comentários

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    da Maia 09.06.2014

    Estou de acordo, consigo, Carlos, aqui o ponto principal era salientar que a lógica federalista origina desequilíbrios naturais semelhantes aos que existem internamente num país.
    Assistimos à desertificação e envelhecimento no interior, pela lógica do desenvolvimento da capital e do litoral. Ora, o movimento migrante se não for travado pode trazer o mesmo espectro a Portugal, enquanto país.
    Seria um destino funesto ver Portugal definhar nessa desertificação e envelhecimento.
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