More or less
A falta de cultura exibida como flor na botoeira é uma das características dominantes nestes dias em que quase tudo se nivela forçosamente por baixo. O sábio e o burro vivem irmanados à mercê de um clique digital. Razão tem o pai da Internet, Tim Berners-Lee, em mostrar-se preocupado com a desinformação galopante, potenciada pelo seu invento.
Lembrei-me disto ao ouvir há dias num canal televisivo o jovem curador da "primeira exposição-manifesto” no novíssimo Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia de Lisboa, intitulada Utopia/Distopia. Dizia ele que este evento se destina a "celebrar os 500 anos da Utopia de Thomas "Moore" (pronunciando "Múa"). E adulterou duas vezes o apelido de sir Thomas More para que ninguém ousasse duvidar da sua falta de conhecimentos na matéria.
"Estamos mais desinformados que nunca", reconhecia amargamente Berners-Lee na sua carta publicada há dias no blogue da Fundação World Wide Web. Tem motivos de sobra para concluir isto, quando a Utopia de More é atribuída por alguém com supostas responsabilidades culturais a um tal Moore. Presumivelmente da família do ex-007. Moore, Roger Moore.
São sinais dos tempos: verdade ou mentira, rigor ou imprecisão, More or less. Tanto faz. E siga a banda.