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Delito de Opinião

Irresponsabilidade política e incapacidade política

João Campos, 16.10.17

Impressiona a quantidade de gente que das suas tribunas na televisão, na imprensa, ou nas infames redes sociais continua a não perceber ou a fingir não perceber que o problema político do desastre de Pedrógão Grande em Junho e do novo desastre da zona Centro-Norte em Outubro não foi a meteorologia ou a floresta mas a (des)protecção civil. A meteorologia, como é evidente, não é culpa de nenhum Governo (deixemos a discussão sobre as alterações climáticas para outra ocasião), e a floresta até será responsabilidade (ou irresponsabilidade) parcial de Governos passados, presentes, e futuros; mas a organização actual das estruturas de prevenção a incêndios, a preparação corrente dos meios de combate ao fogo, e a coordenação dos meios de socorro a pessoas e bens são competências da responsabilidade do Governo presente (como foram de Governos passados, e serão de Governos futuros). E nesse campo, tanto em Junho como em Outubro, o Governo presente falhou em toda a linha, demonstrando a cada momento uma impreparação assustadora e uma arrogância desmedida - as declarações proferidas nas últimas 24 horas pelo Secretário de Estado da Administração Interna, pela Ministra da Administração Interna e pelo Primeiro-Ministro são mais do que irresponsáveis e insensíveis; são inaceitáveis. Não, a demissão dos responsáveis políticos do MAI não resolve nada em termos práticos - não recupera o que se perdeu, não resolve problemas estruturais de décadas, nem soluciona agora o que falhou há pouco. Mas perante os colapsos sucessivos a que assistimos, parece-me imperativo  afastar quem demonstrou de forma cabal não só não estar à altura dos cargos que ocupa, como também não ser capaz de fazer o que for necessário fazer daqui para a frente. É uma questão de responsabilidade política, sim, e também de capacidade política. Ou, neste caso, de irresponsabilidade política e de incapacidade política.

2 comentários

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    João Campos 17.10.2017

    Eu sei que não resolve nada - aliás, admito-o no texto. Mas há consequências políticas que têm de ser retiradas destes dois casos, e essas consequências terão de culminar pelo menos da MAI (será pouco, mas tem de se começar por algum lado). De resto, a ministra demonstrou tanto em Junho como em Outubro não estar à altura do cargo que ocupa e das responsabilidades que este acarreta - se não foi competente até aqui, vai ganhar competência daqui para a frente?
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