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Delito de Opinião

Famílias fora de prazo

Teresa Ribeiro, 21.09.17

 

 

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Num país onde o desemprego atinge sobretudo os maiores de 50 e os que procuram o primeiro emprego, os casos de pais desempregados a coabitar com filhos adultos que ainda não entraram no mercado de trabalho aumentaram exponencialmente. Mesmo assim o fisco, quando os descendentes chegam aos 25 anos, não perdoa e declara-os... independentes.

Quando tanto se fala de apoio à família, esta realidade é varrida para debaixo do tapete. Maior de 25 que viva à custa dos pais é uma não-pessoa. Não conta para o agregado familiar, nem pode apresentar despesas para incluir no IRS dos pais. A regra já existia, mas ao contrário de outras que também existiam e já foram mudadas, nesta não tocaram nem com uma flor.  Era o mínimo a conceder às famílias que se tornaram disfuncionais em consequência do esbulho fiscal e destruição de emprego. 

 

3 comentários

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    Vlad, o Emborcador 21.09.2017

    Bem escrito!
    Mas Costa porque é que a vida têm de ser labutada de forma diversa mas sempre intensa?
    Lembro-me de lá por casa a festa que foi quando chegou a máquina de lavar. Mas o tempo dado pela bendita máquina foi apenas para ser gasto de uma outra qualquer penosa forma.....porquê os putos devem sofrer para ser gente? Talvez os miúdos estejam de olhos bem abertos e não queiram entrar no maldito mundo do trabalho empregando um tempo irreversível num qualquer trabalho humilhante
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    Costa 22.09.2017

    Talvez. Esperteza bem egoísta, então, pois que uma coisa seria rejeitar os fardos do modelo de vida actual (chamemos-lhe assim) e coerentemente aceitar a perda das suas benesses; outra coisa é recusar enfrentar essas dificuldades mas não abrir mão do lado bom, agindo com a irresponsabilidade de um adolescente ainda mal saído da infância e que não sabe, e muito naturalmente nem quer saber, quanto custa aquilo de que beneficia e que toma como garantido. Numa idade em que a adolescência já é coisa distante.

    O que não surpreende, afinal, quando vulgarmente se fala de gente pelos trinta e tal anos como sendo "jovem".

    Rejeitar um trabalho porque menial, humilhante, deixar arrastar uma situação de dependência dos pais por idades em que estes muito provavelmente já o eram e lutavam pela sua autonomia, mas gastar centenas de euros num sofisticado telemóvel, por exemplo, porque há que ter o mais recente, ou frequentar todos os festivais de Verão e locais da moda, por exemplo, vivendo em abençoado desinteresse e etérea ignorância perante o custo da vida proporcionada, não revela um particular sentido de responsabilidade. Que não há-de requerer assim tanta maturidade para ser entendido.

    De acordo: se houve campo em que o "ajustamento" do país, nos anos recentes, terá sido mais largamente conseguido, foi o da brutal desvalorização do trabalho em termos de remuneração (e para lá deste). Mas todos pagam - pagamos - por isso; os jovens não serão mártires tão especiais na matéria. Mas junte-se a isso uma geração que entre a verdade oficial (e eleitoralmente lucrativa) e o natural desvelo dos pais na ânsia de lhes proporcionar mais e melhor do que tiveram, cresceu extraordinariamente mimada e desresponsabilizada e estamos perante uma espécie de tempestade perfeita.

    Não desculpo ninguém no actual estado de coisas (que, se alguma coisa, está para ficar). Mas não tomo esse estado de coisas como o fundamento sólido e integral de uma desresponsabilização geral, duradoura e muito conveniente que a juventude parece ir "sabiamente" cultivando.

    Costa

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