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Delito de Opinião

Falharam

Pedro Correia, 22.04.15

Previram uma irreparável "espiral recessiva". Não houve.

Previram um ameaçador "programa cautelar". Nunca apareceu.

Previram um  "gigantesco risco sistémico" no sistema financeiro português. O colapso jamais ocorreu.

Previram um inquestionável "segundo resgate". Ninguém o vislumbrou.

Previram até, com ênfase de profissão de fé, a saída de Portugal do euro. Que só existiu em sonhos. Ou pesadelos.

 

Durante um par de anos levámos com todos estes profetas da desgraça, num concurso de cassandras levado ao domicílio antes, durante e depois dos telediários. Dia após dia, noite após noite.

Nunca ninguém lhes pedirá contas sobre o imenso rol de profecias falhadas. É o que lhes vale.

 

Mas a maior prova desse falhanço está no pacote de medidas de carácter económico que o PS acaba de desvendar para um hipotético executivo a sair das eleições do Outono. Os socialistas - ultrapassando agora o  Governo (2,3%) e o  Banco de Portugal (1,9%) em optimismo - antecipam um crescimento médio anual da economia portuguesa de 2,6% no período em que vigorar a próxima legislatura.

Contagiados por este optimismo, que avaliza afinal o desempenho do executivo ainda em funções, os do costume - aqueles que falharam todas as previsões - voltarão aos jornais de sempre e às televisões da praxe a dar o dito por não dito. Só nessa matéria conseguem ser exímios.

 

Leitura complementar:

Cautela. De Vital Moreira, na Causa Nossa.

O irrealismo dos cenários macroeconómicos do governo e do PS. De Ricardo Paes Mamede, no Ladrões de Bicicletas.

Texto do PS: boa jogada política a curto prazo mas sem credibilidade económica. De Luís Salgado de Matos, n' O Economista Português.

PS prescinde de quase 1% do PIB no Orçamento e diz que baixa défice. De Sérgio Aníbal, na Economia Info.

9 comentários

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    Pedro Correia 22.04.2015

    Não me decepcione, William Wallace. Se o que escreveu corresponde à verdade, lá vai por água abaixo o programa económico do PS, que prevê um crescimento médio anual de 2,6% para Portugal até 2020 - um crescimento acima da média comunitária, refira-se.
    Ou há "espiral recessiva" ou há crescimento económico. As duas coisas não se conjugam.
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    William Wallace 22.04.2015

    Não o decepciono de certeza pois eu não acredito nas propostas do PS !

    Nem nas propostas e muito menos na capacidade das pessoas do PS para as pôr em prática ainda que fossem diferentes ou quiçá mais realistas e menos dependentes de cenários e PREVISÕES.

    A nível económico neste momento de Neo-comunismo generalizado como bem retratou o comentário que destacou esta semana na rubrica de comentário da semana só pensando muito fora da caixa e não cedendo a lóbis ou clientelas se poderia atingir alguma coisa mas não existe vontade nem estaleca porque os novos não ousam e os velhos não querem, sendo que velhos e novos nada tem a ver com a idade....
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    Pedro Correia 22.04.2015

    Podemos e devemos "pensar fora da caixa" como quisermos, mas a economia também tem leis, como a física. Uma delas é esta: para um determinado nível de despesa há que acautelar o correspondente montante de receita. Se isso não acontecer, dá buraco pela certa.
    Durante demasiados anos muito pouca gente pensou nisto ao nível do aparelho do Estado - incluindo administração central, regional e local. Hoje já todos sabemos que não é possível traçar políticas sem acautelar excessos de despesa que por sua vez forçam a acumulação de dívida que por sua vez fazem disparar o défice que por sua vez pode gerar juros usurários. A ser pagos - e com que custos - por todos nós.
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    William Wallace 23.04.2015

    Diminua-se a Despesa em tudo o que é desperdício ou está a ser pago usurariamente sem o respectivo retorno, caminho que o actual governo prometeu na ultima campanha eleitoral e por outro lado aumente-se as rendas do Estado onde elas se podem aumentar sem destruir a sociedade, estratégia que nem o PS se admite a veicular para não ferir clientelas....

    O actual modelo económico está esgotado e não adianta por paninhos quentes como faz o PS ou o actual PSD, no fundo eles baralham e voltam a dar mas o resultado será no médio prazo sempre o mesmo, a falência do Estado e de Portugal como Nação independente, tendo a Alemanha como principal antítese do estado a que chegámos com 40 anos de democracia pouco esclarecida e refém de interesses de casta que prejudicam a maioria.

    Em 40 anos tivemos 3 bancarrotas e passamos de uma estatização completa (e errada) para uma libertinagem económica em que temos o caso de uma empresa monopolista não poder ser controlada por Portugueses mas o poder ser por outro País, ou não podermos usar uma golden share numa empresa estratégica como a PT mas os outros poderem....

    É obvio que assim não vamos lá por mais voltas que dêem ao espartilho em que NOS metemos e meteram, logo é preciso pensar fora da caixa, insistir na mesma politica com nuances é que me parece estúpido e uma autoflagelação enquanto se continuar a enganar o pagode para alguns se lambuzarem com as migalhas que os outros deixam cair da mesa.
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    Pedro Correia 25.04.2015

    Há sempre modelos alternativos. Na Rússia vigora um. Na Grécia há outro em marcha. Na Venezuela existe outro ainda, desde 1999. Já para não falar do cubano, muito mais antigo. Ou do norte-coreano, aliás inconfundível.
    E há o chinês, o angolano, o saudita. O do Irão, o da Bielo-Rússia, o da Guiné-Bissau.
    Tudo visto e somado, talvez o modelo da democracia liberal europeia seja, como dizia Churchill, o menos mau de todos.
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    William Wallace 26.04.2015

    Não estou, nem estava a falar do modelo Politico, estava a falar do modelo Económico e de organização da sociedade enquanto beneficiária do modelo económico adoptado.

    O Pedro Correia faz um Post sobre 4 "erros" de previsão a nível económico, eu rebati-o com os argumentos que achava (e acho) correctos e agora o Pedro vem falar-me em modelo politico para desviar as atenções sendo que muitos já sabem que com este modelo económico (que não é capitalismo) Portugal (e outros) enquanto Nação não sobreviverá e limitar-se-á a ser uma quinta de outras Nações que vêm cá buscar juros, rendas e alguma mão-de-obra qualificada.

    Quando a Economia prevalece sobre a Politica como acontece agora nada de bom se poderá esperar e pelo andar do comboio em breve, quando nada mais houver para sugar aqui seremos empurrados borda fora, tal como possivelmente acontecerá com a Grécia.

    Obviamente que esta situação tem lacaios internos que muito beneficiam com este estado de coisas e são poucas as vozes esclarecidas que se levantam contra, pois a propaganda é mais forte que o pensamento e a reflexão.

    A Grécia escolheu um caminho derivado ao desespero da sua população, aqui continuam a embalar-nos em fábulas de que é possível cumprir metas de pagamento de divida, sem meios e sem destruir a sociedade, ora isso é impossível a não ser que se façam reformas profundas a vários níveis sendo umas para aumentar receita e outras para diminuir despesa.
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    Pedro Correia 27.04.2015

    A Grécia - como bem diz - escolheu um caminho. Nós também. Em Setembro/Outubro, teremos oportunidade de escolher outro. Se for como o da Grécia, o exemplo está à vista. Existe pelo menos a vantagem de perceber como é o modelo alternativo a governar. Ninguém dirá mais tarde que foi ao engano...
    Outros povos, muitos outros, infelizmente não têm oportunidade de escolher caminho algum. Ou porque vivem em ditadura ou porque se encontram mergulhados no terror da guerra.
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    William Wallace 27.04.2015

    Cenários extremos os que invoca, mas fico por aqui !

    Você escreverá mais post 's e eu mais respostas, pelo menos até ver...

    Pior que um cego é aquele que não quer ver....dizem, mas há pior, aqueles que lançam cortinas de fumo deliberadas sobre a realidade e puxam o lustro ás pedras para ver se brilham mais.......


    Já agora alguém falou aí acima nos ladrões de bicicletas que por acaso tem lá um post porreiro sobre os números do desemprego e uma infografia toda catita, com rótulos e tudo....

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