Estava escrito
"Seguro é um líder de transição, ideal para fazer a travessia do deserto e depois queimar" - foi isto que ouvi a seguir à sua eleição para secretário-geral do PS, incluindo a militantes socialistas que votaram nele. Não acredito que Seguro não soubesse desta estratégia. Os quase 68% de votos que obteve contra Francisco Assis continham o germe da sua destruição. Estava escrito, assim que o poder voltasse a cheirar a rosas, haveria sangue.
É assim a política. Ele sabia, mas quis este desafio para provar aos cínicos e a si próprio que era capaz, alinhado com os ditames da psicologia da moda que proclama que podemos ser o que quisermos. Dizem que o Tozé é uma pessoa séria, empenhada, decente. É o que parece. E de facto os media sempre o trataram com a condescendência reservada às boas pessoas que se movem com desconforto no meio dos lobos. Por seu turno, os portugueses há muito lhe perceberam na colocação da voz e na atitude o quanto ele gostava de ser mais convincente e carismático. Na selva estas coisas cheiram-se, é atávico.
Não, não é verdade que se possa ser o que se quiser apenas porque se bate o punho. Vozes de gajos porreiros não chegam ao céu da política.