Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Cadernos de um enviado especial ao purgatório (25)

Luís Naves, 19.08.14

Não, não é nada disto. Há autores que gostam de criticar a União Europeia sem dizer como é que faziam. Se a Europa não se mexe, é uma menoridade política; no caso de se mexer, é um monstro burocrático.

Aqui, não estão em causa os “joguinhos de poder da baronesa Ashton”: nem são joguinhos, nem são da baronesa. O que está em causa é a liberdade dos europeus de não serem vítimas de intimidação. Devido à crise na Ucrânia, houve sanções contra a Rússia e esta respondeu, proibindo a importação de certos produtos agrícolas. A UE tem 28 países e a resposta russa não atinge todos por igual, tem um impacto na Polónia, na Hungria ou na Lituânia muito superior ao impacto que terá no Reino Unido ou em Portugal. Este é o problema da política externa dos europeus: quando querem falar a uma só voz, têm interesses diferentes.

Neste contexto, a UE tem a obrigação de actuar e de compensar os produtores agrícolas dos Estados membros mais afectados, sobretudo tendo em conta que existe uma política agrícola comum a absorver 40% do orçamento comunitário. Aqui não se pode aplicar a cartilha liberal, pois os mercados agrícolas não são livres, por decisão soberana dos 28 e por razões históricas cuja explicação é complexa. Se Bruxelas nada fizesse, as sanções de Moscovo tinham mais efeito e, na próxima ronda de eventual agravamento desta crise, os países mais expostos à resposta russa seriam obviamente contra novas sanções. Neste caso, com a inacção dos europeus, a Ucrânia seria retalhada às postas. E o autor não tem de se preocupar com a sua parte nos impostos que estão a ser gastos, pois Portugal recebe muito mais dinheiro do que paga para os cofres comunitários. Sim, é verdade, recebemos uma pipa de massa.

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.