Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Declaração de voto

Tiago Mota Saraiva, 22.01.16


O nosso futuro próximo não é um mar de rosas. A pressão dos directórios europeus já nos fez pagar o BANIF e prepara uma batalha de imposição do seu orçamento cujas consequências ainda são difíceis de prever. O futuro Presidente da República fará sempre parte dessa batalha, seja seguindo a estratégia de quem manda na UE, seja na defesa do direito soberano de ser o país, e o seu povo, a decidir as suas principais opções estratégicas.
Depois deste período de campanha não me parece haver grandes dúvidas que dos dez candidatos, apenas três, escolhem a segunda opção: Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias e Edgar Silva. Os outros sete ou não têm consciência desta dicotomia ou são ideologicamente afectos às escolhas dos mercados e das famílias políticas que mandam na UE.
Com os dados que temos das sondagens permito-me concluir duas coisas. Em primeiro lugar, Marcelo Rebelo de Sousa não aparece tão destacado que possamos dar como garantida a sua eleição à primeira volta. Curiosamente, os resultados de Marcelo nas sondagens são muito similares aos de Cavaco antes das eleições de 2006 e 2011 (em que obteve respectivamente 50,54% e 52,95%) - será interessante analisar, posteriormente, se o eleitorado de Marcelo não é praticamente o mesmo que o de Cavaco. Por outro lado, com o colapso de Maria de Belém, não parece haver grandes dúvidas que, a haver segunda volta, está será disputada entre Marcelo e Nóvoa.
Sendo assim o meu voto em Edgar Silva é óbvio e combativo. Além de ser do meu campo político, Edgar defende uma ideia para o país e para a presidência da república que é a que me está mais próxima.
Contudo o resultado de Edgar Silva nesta primeira volta pode vir a ter outra leitura. Apesar de haver diferenças entre eleições e de nas presidenciais se votar em pessoas, um resultado entre os 2-3%, como lhe é atribuído nas sondagens, penalizará o PCP. A escolha corajosa de levar a candidatura até ao fim - teria sido mais fácil se tivesse apoiado outra candidatura, mas correr-se-ia o risco de desmobilizar algum eleitorado, o que só beneficiaria Marcelo - poderá ter o reverso da medalha num momento difícil para a intervenção política do partido. Se Edgar Silva mantiver ou superar o eleitorado que tradicionalmente vota no candidato apresentado pelo PCP será um novo tónico na intervenção do partido e, sobretudo, nas batalhas que, a cada dia, terá de travar na Assembleia da República.

5 comentários

Comentar post