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Delito de Opinião

Deadwater

Rui Rocha, 21.04.17

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Em Maio de 2016, Mariana Mortágua publicou um artigo no JN em que, a propósito do caso Luaty Beirão, comparava as situações de Angola e da Venezuela. No texto, a Venezuela é apresentada como uma realidade em que foram cometidos erros e em que a democracia se degradou. Aliás, esta abordagem não é original no Bloco de Esquerda. Quando Fidel Castro morreu, o discurso foi semelhante. Catarina Martins afirmou na altura que "os erros não podem apagar a homenagem ao grande revolucionário". Os erros eram, no caso de Fidel, presume-se, mais de 50 anos de poder sem realização de eleições, violação dos mais elementares direitos individuais, perseguição, tortura, miséria e morte. Coisa pouca, portanto. No caso do texto de Mortágua a ideia central era então a de que, apesar dos tais erros, as situações de Venezuela e Angola não eram comparáveis. E Mortágua concluía, numa súplica, dizendo que não lhe pedissem "para confundir o que não era confundível ou que compreendesse os que se indignavam com Caracas mas toleravam Luanda". Pois bem. Face aos recentes desenvolvimentos da situação na Venezuela, é tempo para Mariana Mortágua responder a uma pergunta. As situações de Angola e Venezuela já são comparáveis? Ou tem ainda de se afundar mais o país na miséria, de se assistir a uma violação mais brutal dos direitos e da legalidade constitucional? É preciso morrer mais gente (quanta?) para que se ouça uma palavra de Mariana Mortágua, de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, sobre a situação na Venezuela? É que parece evidente, Mariana Mortágua, que não nos podem pedir para compreender quem se indigna com Luanda (bem) mas tolera Caracas.

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