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Delito de Opinião

Da arte de furtar

Pedro Correia, 14.09.17

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Há uma diferença entre plágio e roubo. O plagiador "inspira-se" na criação alheia. Por vezes para citá-la de forma explícita, como quando Maurício de Souza põe a inconfundível cara da sua Mônica no corpo da Mona Lisa.

O ladrão apropria-se disso sem prestar vénia nem pedir licença.

 

Os ladrões, por sua vez, dividem-se entre os lamurientos e os restantes.

Os lamurientos são aqueles que, sem o menor vertígio de vergonha, surgem à boca do palco no papel de abusados na expectativa de deixarem de ser apontados a dedo enquanto abusadores. Chegam ao ponto de lamentarem sofrer "danos de imagem" quando surge a notícia de que andaram anos - às vezes décadas - a assaltar propriedade intelectual. Ou a "furtar", para usar o delicado verbo a que algum jornalismo servil recorreu para noticiar a impune pilhagem aos paióis de Tancos.

 

Aqui chegados, cumpre reconhecer o talento de Tony Carreira, que pode invocar Picasso como caução intelectual. Dizia o criador da Guernica que "os bons artistas copiam e os grandes artistas roubam".

Nesta acepção, Carreira é indiscutivelmente um grande artista.

2 comentários

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    JPT 15.09.2017

    O "Anita", cantado pelo Costas Cordalis em 1976, é, talvez - e juntamente com o "Griechischer Wein" do Udo Jürgens, que deu o célebre "Vinho Verde" do Paulo Alexandre - o mais famoso êxito da "Schlagermusik" (música "pimba" alemã). Nos países de língua alemã, não há festa de Carnaval ou reveillon que se preze em não sejam tocadas. Nem o Marco Paulo, nem o Paulo Alexandre, roubaram os autores daquelas músicas, nem tentaram aldrabar quem as ouviu, invocando que as tinham escrito. Mas, mais do que o plágio, o que confrange nesta história é a nossa tolerância com ladrões e aldrabões que, quando apanhados a roubar e aldrabar - e ainda com a mão no frasco, como é caso, em que apenas um surdo pode qualificar o plágio de "alegado" - em vez de pedirem desculpa e cumprirem a sua pena, se dizem vítimas de invejosos e ressabiados. Por estranho que pareça, partilhamos com os alemães o gosto por canções "pimba". Já quanto a esta última característica, é só "googlar" Uli Hoeness.
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