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Delito de Opinião

Convidado:CARLOS GUIMARÃES PINTO

Pedro Correia, 05.07.17

 

Movimento Independentista Lisboeta

 

Aproveito este convite para expor uma causa que sei ser impopular, mas apenas por nunca ter sido defendida apropriadamente: a independência de Lisboa.
 
A existência de um país exige um sentido de comunidade. Mas, vamos ser honestos, a maioria dos lisboetas não tem uma grande ligação ao resto do país. Alguns mais aventureiros lembram-se de um dia terem passado pelo Porto e terem gostado muito daquela ponte de ferro. E do Sheraton, claro. O Sheraton do Porto é maravilhoso. E ainda comeram metade daquela sanduiche com molho de tomate, cujo nome não me recordo agora. Mas a verdade é que não fora a água quentinha de Portimão (futuro território ultramarino da República Democrática de Lisboa) e o lisboeta típico nem precisaria de sair do eixo Saldanha-Loja das Meias durante toda a sua vida.
 
Mas o principal motivo para a existência deste movimento é a forma como o resto do país sobrecarrega Lisboa com responsabilidades. Quando o país decide criar um novo instituto, uma nova agência, um novo evento, empurra-se logo tudo para Lisboa. Já não chega todos os ministérios, secretarias de estado, sedes de empresas públicas e privadas existentes, ainda querem empurrar tudo o que é criado de novo para Lisboa. Com novas organizações públicas vêm mais empresas privadas, mais trânsito, rendas mais altas e esplanadas mais cheias. Enquanto o resto do país continua verde, barato e viçoso, o trânsito de Lisboa enche-nos os pulmões de dióxido de carbono e as rendas esvaziam-nos a carteira. Também sobrecarregam o nosso aeroporto que, como toda a gente sabe, está sobrelotado desde 2007. Em conluio com a TAP, andam a desviar passageiros do resto do país para Lisboa ao ponto de nos forçarem a construir um novo aeroporto ou, pior, obrigarem-nos a sentar no lugar do meio em muitos vôos.
 

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Depois de sobrecarregarem Lisboa com tudo o que é sede de organização e instituto público, ainda nos vêm roubar os empregos. Todos os anos o resto do país envia milhares de jovens qualificados para roubar os nossos empregos. A ideia, claro, é abusarem dos nossos recursos durante algum tempo, roubarem os nossos empregos, desgastarem a nossa cidade para depois voltarem para as suas terras novinhas, sem poluição nem trânsito. Dói o coração de qualquer lisboeta ver os parasitas que chegam do resto do país no Alfa à segunda-feira de manhã para nos sugarem os recursos durante a semana e depois voltarem ao fim-de-semana para os seus pastos verdes mais a norte. Mas pior são os que escolhem ficar, desvirtuando culturalmente a cidade. Ainda há dias observei cinco jovens a conversar num restaurante. Todos se diziam lisboetas, mas nem um percebia que a palavra "rio" é um monossílabo. Nem um!
 
Finalmente, resta falar na forma como o resto do país deixa Lisboa em permanente instabilidade política. Nos jornais, já se fala de Medina ser o próximo líder do PS (e, consequentemente, primeiro-ministro). Seria o quarto líder dos últimos 6 a terminar o mandato mais cedo para ir liderar o país, deixando Lisboa em permanente reboliço. Chega! Arranjem os vossos próprios líderes, porra! Parem de desviar as atenções dos filhos da cidade para os vossos problemas.
 
Chegamos a uma situação limite que só se resolve com a independência de Lisboa. Chegou a altura do resto do país aprender uma lição e perceber o que é ter que organizar os seus próprios eventos, ter as suas próprias instituições públicas e eleger os seus próprios líderes. Quero ver como é que se safam sem se poderem aproveitar mais da amabilidade e disponibilidade dos lisboetas para levar o país às costas.

 

 

Carlos Guimarães Pinto

(blogue O INSURGENTE)

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