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Delito de Opinião

Convidado: DAVID MARINHO

Pedro Correia, 10.11.17

 

Newton à portuguesa, século XXI

 

A terceira lei de Newton diz-nos que qualquer acção tem uma reacção com a mesma intensidade e direcção, no entanto, em sentidos apostos. Ora, aplicando estupidamente esta lei ao que aconteceu no Urban Beach, parece-me que peca por tardia.
É que, após dezenas de queixas-crime por violência ou actos discriminatórios no Urban Beach, foi preciso um vídeo, violentamente gravado na vertical, fazer despoletar uma acção política sobre esta casa de diversão nocturna. Impressionante como o facto de chegar a mais gente faça mover as opiniões e as ações definitivas para as coisas, não bastando o assunto em si, porque é preciso causar ruído. E coisas como o Urban existem ao pontapé na política portuguesa (falando nesta, claro), porque nunca se soa um alarme se a casa não ardeu por completo. É esta a estratégia que devemos tomar? Envergonhar as instituições e/ou pessoas na praça pública para que se calem com a solução do problema?
E agora sei o que vai acontecer. Os seguranças privados irão para uma reunião admitir que a vida está difícil, farão greve se for preciso, as discotecas/bares, etc não poderão abrir e daqui a qualquer coisa como dois meses aparecerá a notícia a dizer que o negócio da noite está a cair a pique. E com isto aproveita-se um célebre sketch dos Gato Fedorento, o "Lusco-Fusco" que serviria para colmatar o problema da noite, e assim eles voltam à ribalta. Com jeitinho ainda dizem que são como os Simpsons, que prevêem coisas e que elas se tornam ridiculamente iguais. É isto, não é? (E com isto previ eu o futuro e receberei os louros por isso. Se não acontecer, esqueçam, está bem?).
O meu ponto é: a violência, seja ela qual for, deve ser punida e é punida por lei. Não têm de bater duas ou três vezes até acontecer, deve-se actuar logo. E actuar significa, antes de tudo, haver queixa, seja de quem vê, seja de quem leva. Nada disto é científico e até percebo a questão das represálias que podem advir da queixa por parte do agressor e que a violência seja maior a partir daí. Mas a política, a discussão pública, deve incidir na segurança que devemos ter todos quando nos queixamos, e que a acção sobre a mesma deve existir desde o momento que é provado (porque na maioria das vezes é fácil de provar).

 

 

David Marinho

(blogue DOMINGO À TARDE)

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