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Delito de Opinião

Convidada: MARIA DULCE FERNANDES

Pedro Correia, 19.06.17

 

Pauperes commilitones Christi Templique Solomonici

 

Em Dezembro passado a família, por sugestão da historiadora de serviço, juntou-se em passeio que teve como tema a conhecida Rota dos Templários.


Tomar, Almourol, Ourém,  Constância, não necessariamente por esta ordem, mas nas pegadas de uma das maiores e  mais famosas ordens religiosas da história. E como a história conta, esta ordem religiosa e militar teve papel preponderante na reconquista cristã na Península Ibérica e foi extinta em 1312 por exigência de Filipe o Belo a Clemente V. Os Templários, considerados possuidores de tesouros incalculáveis, foram, na sua maioria, perseguidos, detidos e executados.
Também é sabido que encontraram santuário em Portugal,  em terras que possuíam, recebidas de D. Afonso Henriques  como agradecimento pela conquista de Santarém onde construiram o Castelo de Tomar,  onde também mais tarde D. Dinis deu luz verde à ordem de Cristo, que é finalmente reconhecida pela Santa Sé como Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo, mantendo a mesma filosofia que guiava a Ordem anteriormente extinta.
 
Isto tudo é História de Portugal. 

Em Dezembro passado, lamentei até por escrito o estado degradado e descuidado em que se encontrava o Convento de Cristo. Património da humanidade, é exemplo indubitável de que a humanidade em geral, os portugueses em particular, não são grandes defensores ou sequer guardiões do seu património histórico.

Falamos para aí dos Budas de Bayman, da cidade de Palmira e da barbárie…
 

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Que dizer então d' O  Homem que matou D. Quixote, de Terry Gilliam (um realizador que considero pessoa esclarecida, com alguns filmes de que gostei bastante, como por exemplo, Fisher King e Monty Python and the Holly Grail), filmado no Convento de Cristo, alugado para o efeito pela produtora e que foi literalmente vandalizado na sua essência para meia dúzia de cenas de um filme supostamente “de culto”?
Rodam-se filmes pelo mundo fora e tenho a certeza que o aluguer das locações é sujeito a rigorosas obrigações contratuais. O que os curadores destas propriedades patrimoniais estarão a pensar quando lhes acenam com cifrões transcende a minha imaginação. 


Nem sei como me espanto e me insurjo quando um qualquer guia de um qualquer país da Europa de Leste me afirma peremptoriamente que lamenta a vida dos portugueses em Lisboa, que vivem em casas de madeira sem saneamento básico, se quem tem autoridade para projectar Portugal no mundo trata do aluguer de um monumento nacional património mundial para a rodagem de um qualquer filme com a mesma displicência como se se tratasse de África Adeus.

 

 

Maria Dulce Fernandes

(blogue A CONTAR VINDO DO CÉU)

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