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Delito de Opinião

Convidada: GRAÇA CANTO MONIZ

Pedro Correia, 03.01.18

 

O ano em revisão

 

Nesta época há quem faça uma revisão daquilo que aconteceu ao longo do ano na sua vida. Este tipo de exercício pode ser fonte de algumas frustrações se, como no meu caso, entre outros momentos menos bons ou felizes, a conclusão apontar para um dia-a-dia de rotina, um estilo de vida com pouco agite, enfim um ano enfadonho e pouco vivido. Mas nesse balanço anual há sempre um momento de auto-ilusão de que “vivi” muito, conheci muitas pessoas, viajei para vários sítios e experimentei diferentes sensações e momentos: acontece quando faço uma lista dos melhores filmes e séries a que assisti e que agora partilho convosco *.

 

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Cinema em 2017: Paterson, de Jim Jarmusch 

 

É que, se passei uma boa parte deste ano (e dos anteriores) a determinar os casos em que o Regulamento Geral de Protecção de Dados Pessoais se aplica fora do território de um Estado-Membro da União Europeia (bocejos...) e ainda tenho dúvidas em certos casos(!), a verdade é que conheci a poesia de William Carlos Williams enquanto me passeava de autocarro, conduzido por Adam Driver, por uma tranquila vilória de New Jersey (“Paterson”, Jim Jarmush, é o meu n.º 1) e tremi com o frio de Massachussets e com a angústia de Lee em “Manchester by the Sea”, de Kenneth Lonergan (é o meu n.º 2). Mas, durante este ano, não me fiquei pelos EUA: fui à Coreia do Sul conhecer a jovem Sookee, contratada para trabalhar para uma menina rica japonesa (“The Handmaiden”, de Park Chan-wook, o meu n.º 3) e regressei à Europa onde fiquei muito impressionada com a frieza de Isabelle Huppert em “Elle”, de Paul Verhoeven (é o meu n.º 4) e com o humor de Toni Erdmann, de Maren Ade (o meu n.º 5). Merece igualmente uma menção a crítica que Sally Potter faz à elite esquerdista anglo-americana em “The Party”.

 

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 Televisão em 2017: The Crown, na Netflix

 

Quanto a séries, deixei-me render àquela que é a série mais cara de sempre, “The Crown” (a minha primeira escolha), e a “Victoria” (vem em segundo lugar), ambas sobre duas inspiradoras mulheres e rainhas britânicas. Pelos EUA, acompanhei de perto os esquemas e as artimanhas de um grupo de mulheres criminosas e presas numa cadeia americana (“Orange Is the New Black”, em terceiro lugar) e andei pelas ruas de Nova Iorque ao lado de James Franco e Maggie Gyllenhaal em “The Deuce” (a minha quarta escolha). Em último lugar estão, lado a lado, duas séries de outros tempos: o futuro distópico em “The Handmaid’s Tale” e os perigos anunciados nos contos de Charlie Brooker em “Black Mirror”.

 

Em 2018 é certo que vou voltar à extraterritorialidade do Regulamento Geral de Protecção de Dados Pessoais, mas faço-o na expectativa de que haverá iguais formas de escapismo em novos filmes, séries e temporadas (será que vamos ter de esperar até 2019 pela nova temporada de Game of Thrones?).

Desejo a todos um óptimo ano!

 

*Agradeço ao Pedro Correia e ao Delito pelo simpático convite!

 

Graça Canto Moniz

(blogue O INSURGENTE)

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