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Delito de Opinião

Convidada: CATARINA DUARTE

Pedro Correia, 20.09.17

 

O respeito pelo direito à diferença obriga-nos a todos a pensar igual?

  

Os temas são lançados, a grande velocidade, na nossa sociedade: poucas vezes debatidos onde devem ser; muitas vezes falados, com alguma leviandade até, nos cafés do mundo digital, onde se tornam virais. 

Ao longo dos últimos anos, temos vindo a abordar assuntos muito relevantes, alguns deles quase fracturantes, numa sociedade tida como tradicional e conservadora, que permaneceu, durante muitos e muitos anos, fechada sobre si mesma e que se viu, de um momento para o outro, com um mundo inteiro de questões pela frente.

 

Temas como o aborto, o casamento e a adopção por casais do mesmo sexo, temas como a eutanásia, como as barrigas de aluguer, são apenas alguns exemplos das muitas questões que devem ser debatidas de forma séria.

Há quem concorde, há quem coloque dúvidas, há quem não disponha de toda a informação ou de todo o conhecimento necessário para poder opinar com conhecimento de causa mas há também quem, apesar de ter toda a informação do seu lado, simplesmente, não concorde. E estas pessoas, aquelas que não concordam, são, muitas vezes, mal tratadas e perseguidas.

 

Nos cafés virtuais, mas também na vida de todos os dias, ninguém se dedica a perceber a origem dos seus receios, quando é precisamente nessas interrogações que uma sociedade - que ainda está a aprender como funciona isto de ser democrata - evolui.

Qualquer de nós, para qualquer assunto, pode ser a excepção para determinada regra. É, por isso, importante dar voz a todos e a todos dar a oportunidade de pensar e dizer o que, concretamente, pretendem transmitir, sem qualquer tipo de represália, sem qualquer tipo de receio, sem qualquer tipo de censura.

 

Hoje, se quisermos pertencer ao grupo dos fixes, os tais que, nos cafés virtuais, se sentam na mesa do fundo a fumar cigarros e a beber café, a nossa opinião tem que ser a favor do ciclo da sociedade. Caso contrário, somos recambiados para o galão fraquinho e para a torrada com pouca manteiga.

Estamos muito sensibilizados quanto às questões das minorias e, de repente, toda e qualquer opinião passou a ser imposta às maiorias. Impingimos as nossas crenças e os nossos valores, forçamos a igualdade na forma de ser e na forma de estar e, pior, caminhamos para impor a igualdade de pensamento!

 

No final do dia, a perseguição é feita ao homem pelas suas ideias e eu concluo sempre: tanto queremos respeitar o direito à diferença que obrigamos todos a pensar igual.

 

 

Catarina Duarte

(blogue INSENSATEZ)

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