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Delito de Opinião

Anti-europeísmo primário

Luís Naves, 14.07.16

Em bombardeamento diário, está a ser criado um clima anti-europeu, com ajuda preciosa do Bloco de Esquerda. Ontem, na TVI 24, a líder do BE, Catarina Martins, voltou a falar em referendo, mas o texto bem estudado patinou quando lhe perguntaram o que aconteceria se a resposta dos eleitores fosse ‘sim‘. Catarina Martins chutou para canto. Na realidade, a resposta seria simples: se Portugal decidisse abandonar a moeda única, as poupanças eram destruídas em poucos dias, os bancos rebentavam, haveria inflação e as dívidas passavam a ser incobráveis, incluindo as hipotecas das nossas habitações. Se Portugal saísse da UE, perdia acesso ao mercado único ou deixava de participar na legislação, perdia os fundos comunitários e tornava-se um país subdesenvolvido.

O referendo é um tigre de papel, mas o BE ganha com esta táctica e sonha com um cenário de vitória do PS e de maioria de esquerda que dispense os comunistas na futura coligação de poder.

Esta entrevista da deputada Mariana Mortágua à revista Sábado pisa na mesma tecla de anti-europeísmo primário: “A União Europeia está a passos da desintegração, está em degradação profunda. Quase em putrefacção”. Será isto apenas desejo confessado, entusiasmo juvenil ou os bloquistas começam a delirar com a própria retórica? As palavras soam bonito, mas a imagem transmitida é falsa. A UE não está em putrefacção nem vai desaparecer na próxima esquina. Um voto em referendo contra o Tratado Orçamental obrigava o País a sair da união. Os Tratados ratificados não se negoceiam em posições de fraqueza, dizer o contrário é ingenuidade ou, então, a intenção desta conversa é outra.

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