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Delito de Opinião

Acabou-se o recreio

Sérgio de Almeida Correia, 25.11.15

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(Steven Governo/Global Imagens)

 

Meu caro António,

O essencial sobre aquilo que penso e o que aconteceu na Assembleia e em Belém depois de 4 de Outubro pp. resume-se a três textos publicados no Delito de Opinião, cujos conexões deixo para o caso de quereres ler (Talvez com mais umas 50 propostas, uns robalos e umas notas de rodapé, Não se aproveita nada e Omeletas). 

Sei de onde vens, conheço o teu percurso, ainda não sei para onde irás. Não será por isso, evidentemente, que deixarás de ter o mesmo benefício que dei ao XIX Governo Constitucional. Mas, tirando isso, poderás contar com a franqueza de sempre na apreciação do muito bom, do bom, do assim-assim e do péssimo. Seja do que tu fizeres ou de que outros fizerem à tua sombra ou que queiram fazer à sombra do PS.

Tenho por natureza ser mais exigente com os meus do que com os outros, com os de casa do que com os de fora, com os da minha equipa do que com os das equipas dos outros, sendo por isso natural que de mim não virá solidariedade na asneira. Já o disse antes, reafirmo-o desde já. A apreciação será por isso mesmo implacável, com a lealdade e a distância de sempre, que a mim "o aparelho" nunca me toldou as ideias nem me limitou o discurso, tirando daquela vez em Braga quando a Maria de Belém me disse que estava a esgotar os meus três minutos.

Posso não concordar, e não concordo, desde já te digo, com uma ou outra escolha, mas são escolhas tuas e vejo em todos a vontade para fazer melhor e diferente. Que o façam com transparência (esta não é uma palavra vã, como sabes) e seriedade (os últimos seis anos deverão servir de exemplo e de medida para se avaliar a falta dela). Oxalá que também não lhes falte a competência, o arrojo, a visão, e a sorte, que nestas coisas também dá jeito, só que estando o mundo cheio de boas intenções e a situação do país tão difícil terei tantas expectativas, por outras razões, quanto ao vosso desempenho quanto a tua oposição parlamentar.

Sobre as condições que tens só tu te podes pronunciar, mas se disseste ao PR que estavas em posição de apresentar um governo forte, estável e com apoio parlamentar para te fazer, e a nós, portugueses, navegar durante toda a legislatura, só temos que confiar e estar atentos. Sabes bem que não te serão perdoadas quaisquer falhas, por mais insignificantes que sejam. A artilharia dos apeados e ressabiados, que não há só nos outros partidos, está toda a postos para desferir os primeiros golpes.

Ainda que estando longe não deixarei de estar atento. Tenho bem presente o que critiquei aos anteriores governos, que nestas coisas, felizmente, tenho boa memória. Não esperes, por isso mesmo, condescendência, tolerância ou silêncio quando tiver de colocar o dedo na ferida. 

Posto isto, sabendo que serás, seremos, todos julgados pelo que for feito, pelo que ficar por fazer e pela forma como for feito, digo-te aquilo que o Professor Marcelo já disse: "é bom que corra bem este Governo, para que corra bem a Portugal". Bom trabalho. 

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