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Delito de Opinião

a ver se me ralo

Patrícia Reis, 11.11.17

Há muitos anos, aprendi com a Inês Pedrosa, e depois com outras pessoas, que é muito fácil levar porrada quando se escreve publicamente, se dá rosto e nome, se tem opiniões e, enfim, estamos disponíveis para as partilhar. Não se trata de ganhar palmadinhas nas costas, disse-me ela, o que é importante para ti, pode ser para outras pessoas. E depois falou-me da porrada que iria levar, da quantidade de fel que as pessoas destilam, e tantas vezes no anonimato, mas que isso não tinha qualquer importância.

A Inês é minha irmã e poucas pessoas têm levado pancada como ela. Vive com uma dignidade incrível, uma cabeça genial, uma capacidade excepcional de ser excepcional. É uma lição para mim. Há quase trinta anos que aprendo com ela e, muitas vezes (mesmo muitas vezes!), concordamos que discordamos, mas respeitamos a opinião de cada uma. Ela continua a levar porrada de forma idiota por pessoas que não pretendem construir nada, apenas destruir. E eu estou na mesma situação.

E serve o presente texto para dizer que podem continuar a ser assim, a ver se me ralo. Creio que ela tão pouco se rala. Tragam lá os vossos archotes e as vossas acusações, o vosso moralismo e preconceitos, descrevam a minha ignorância ou o que vos aprouver, vivemos em democracia, podem fazê-lo à vontade, mas depois não me digam que serve para estimular debates, porque a troca de ideias implica respeito e o respeito implica educação e a educação implica elegância. Na minha opinião, claro.

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