Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

O poço das virtudes

Carlos Barbosa de Oliveira, 17.09.09

Sempre desconfiei dos que se proclamam virtuosos. Quem o é não precisa de andar sempre a apregoar aos sete ventos a sua virtude. Conheci, ao longo da vida, pessoas  que “missavam” e comungavam diariamente mas, na vida real, eram uns trastes.
Lembro-me, por exemplo, de um fulano que condenava os homens que maltratam as mulheres e, mais tarde, vim a saber que tratava a sua legítima como um saco de boxe.
Conheci uma senhora que se benzia a toda a hora, se aspergia com água benta quando lhe falavam de gente que se servia dos dinheiros do Estado para benefício próprio mas, com inusitada frequência, rumava  a hotéis na companhia de  amigo(s), utilizando o carro disponibilizado pelo serviço onde trabalhava, debitando a conta do hotel como despesas de representação.
Numa dessas viagens de trabalho que me obrigam a percorrer o país de lés a lés, soube de  um marido extremoso, que se esfalfava no Caminho de Santiago, pedindo graças para as filhas e mulher, se recolhia em períodos de meditação e, onde quer que estivesse, não faltava à missa de domingo comungando como bom devoto. Há uns meses foi preso, por abusar da própria filha…
É por conhecer muitos casos destes que desconfio quando MFL se apresenta aos portugueses como modelo de virtudes, desancando no PM a quem tem chamado, repetidas vezes, mentiroso. Se a mentira fizesse tanta impressão a MFL, certamente não teria incluído nas suas listas um homem que, para ludibriar a PJ, pediu a um cunhado que lhe engessasse o braço. A inclusão de Preto nas listas do PSD  pode atrasar o julgamento do caso da mala. Se o PSD tiver a maioria, pode mesmo evitá-lo até à prescrição.
O caso de Preto é apenas o mais visível, mas não é o único que demonstra a falta de seriedade política de MFL. Já são tantos, que se tornaria fastidiosos enumerá-los aqui.
É por isso que não acredito em MFL. Perde-se em auto-elogios,  lança suspeições acusações e insídias sobre o adversário, mas sobre uma medida  concreta, credível, que ajude a resolver os problemas do país, não lhe ouvi ainda uma palavra. O único termo de referência que temos para a avaliar é o seu passado desastroso como ministra da educação  e das finanças, (é bom  não esquecer o caso Citibank) e o cargo de administradora do Santander, que ocupou pouco depois de  ter sido ministra das finanças. Para quem enche a  boca de “política de verdade” e de  “cuidar das pessoas”, o seu passado não me parece assim tão recomendável.
 

Adenda: É também engraçado ver pessoas enxofradas com a arrogância de Sócrates na entrevista a  Maria Flor Pedroso, aplaudir a arrogância de MMG . Ou dizerem que Sócrates é mal educado e rir a bandeiras despregadas com o “Fuck them” do AJJ. O amor cega mas, na análise política, é aconselhável menos paixão e um pouco mais de razão. Para evitar o ridículo.

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.