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Delito de Opinião

Legislativas (31)

Pedro Correia, 10.09.09

  

DEBATE MANUELA FERREIRA LEITE-PAULO PORTAS

 

Basta por vezes uma só frase para decidir um debate. Paulo Portas proferiu-a esta noite, no frente-a-frente com Manuela Ferreira Leite na RTP. "Experimente um dia ser oposição na Madeira", disse o líder do CDS à sua interlocutora. A social-democrata, que tanto tem clamado contra a "asfixia democrática", ficou sem resposta. Para quem tivesse dúvidas, o vencedor deste debate estava encontrado. Portas contrapôs à 'política de verdade' do PSD a necessidade de "falar claro" nesta campanha legislativa. E ficou evidente que existem dois projectos distintos à direita do PS: democratas-cristãos e sociais-democratas distinguem-se na política fiscal, no discurso 'securitário' que serve de bandeira a Portas e nas questões sociais, com o CDS a pretender desviar 25 por cento das verbas do rendimento social de reinserção para aumentar pensões, proposta que mereceu a pronta rejeição de Ferreira Leite: "Seria incapaz de fazer um discurso como o de Paulo Portas. Não é correcto pormos um estigma nas pessoas que recebem esse rendimento. Todas as generalizações são perigosas."

Outra diferença substancial: Portas falou abundantemente do seu programa. Quer mais mil polícias nas ruas, julgamentos em 48 horas de delinquentes capturados em flagrante delito, melhorar o subsídio de desemprego a jovens e casais desempregados. Do programa do PSD, ficámos a saber pouco ou quase nada. Além disso, tal como tinha acontecido nos debates contra Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, Manuela não deu sinais de ter lido uma só linha das propostas eleitorais do seu antagonista. Resta saber se por sobranceria ou por simples desinteresse.

Mas foi a propósito da Madeira que as águas verdadeiramente se separaram. Manuela Ferreira Leite insurge-se contra a 'asfixia democrática' do PS no continente enquanto olha para a Madeira como um vasto oceano de liberdade. "Um debate destes não seria possível na Madeira. Nunca houve. E Alberto João Jardim só vai uma vez por ano à Assembleia Legislativa Regional", sublinhou Portas, acrescentando: "Para se ter legitimidade há que ser coerente."

Se Judite Sousa, a moderadora, quisesse ter feito hoje mais uma das suas "perguntas giras" bem poderia ser esta: como conseguirão os líderes do PSD e do CDS entender-se? Deste debate, que foi vivo e com momentos estimulantes, ficou a sensação de que será muito difícil vermos alguma vez Manuela e Portas trabalharem num programa comum de Governo. E não se julgue que só existe a Madeira a separá-los.

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