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Delito de Opinião

O ódio ancestral aos judeus

Pedro Correia, 26.01.09

 

Depois de José Saramago ter comparado a recente ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, banalizando assim as atrocidades nazis, outro comunista da linha dura, o impagável Miguel Urbano Rodrigues, desbobina o seu vesgo rancor contra o Estado judaico com argumentos muito semelhantes à extrema-direita que faz do anti-semitismo uma bandeira política. Aqui fica parte da sua prosa, debitada num recente workshop realizado no Líbano:

"O bombardeamento e a invasão de Gaza confirmam que o Estado confirma que o Estado sionista de Israel pratica uma politica exterior neonazi.
Uma pirâmide de mentiras sinaliza a estrada do tempo que conduziu a chacinas como as de Sabra, Shatila e Jenin e à construção actual do Muro israelense.
Na base dessas mentiras está o mito básico, aquele que estimulou o regresso dos judeus à 'Terra Prometida' dos antepassados.
A esmagadora maioria dos judeus que vivem hoje no Estado de Israel não descendem do povo que invocam. A aventura da diáspora judaica, suporte das teses de Theodor Herzl sobre o 'regresso à pátria perdida', foi montada sobre uma inverdade histórica.

(...)

"A agressividade actual dos governantes e militares israelenses não é portanto um fenómeno circunstancial. Tem raízes milenares.
O movimento sionista nasceu ideologicamente agressivo numa época em que contou com a simpatia da intelligentsia europeia e norte-americana, justamente indignada com o anti-semitismo que se manifestava nos repugnantes pogromes da Polónia e da Rússia."

Sobre o recém-empossado Barack Obama, cai de imediato esta peça de artilharia, tambem assinada por Rodrigues: "Nomeou para chefe do seu gabinete na Casa Branca Rahm Emmanuel, um sionista fanático, mantém à frente do Pentágono Robert Gates, outro sionista, e definiu Jerusalém como «una e indivisível." O homem ainda nem começou a governar e já está a levar bordoada da extrema-esquerda mais caceteira...

Urbano Rodrigues, com o seu estilo primário, tem pelo menos o mérito de expor com toda a clareza o que outros pensam mas não se atrevem a proclamar com tanto à-vontade, nomeadamente em certos blogues da esquerda radical: uma feroz aversão à história, à religião e à cultura judaica. Qualquer plumitivo de extrema-direita, de cabeça bem escanhoada, podia debitar umas linhas semelhantes às que transcrevi acima, sem necessidade de alterar praticamente uma vírgula. Os extremos tocam-se. Isso é patente, mais do que em tudo o resto, no ódio irracional e ancestral aos judeus. Já Hitler e Estaline, fanáticos anti-semitas, estavam unidos por esse traço comum.

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