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Delito de Opinião

Uma Roseta vale bem uma câmara

Sérgio de Almeida Correia, 15.07.09

Acompanho com uma alguma satisfação o incómodo que o anúncio da inclusão de Helena Roseta está a provocar nalguns espíritos. Há mesmo quem se preocupe com o número e lugar de socialistas, leia-se militantes, nas listas. Helena Roseta é uma mulher inteligente e séria e uma cidadã empenhada. Sempre foi. A proximidade que tem tido em relação ao PS nos últimos anos certamente que aconselharia mais depressa a sua inclusão na lista de António Costa do que a repetição de uma candidatura independente que por muito sucesso que obtivesse nunca teria qualquer hipótese de ultrapassar os condicionalismos de uma intervenção avulsa e inconsequente. Quando em causa está o governo da cidade, a procura de soluções de governabilidade que possam dar corpo aos projectos em curso e a manutenção de um rumo que nos possa fazer esquecer a diletância santanista e a errância de Carmona Rodrigues, todas as coligações que não sejam contra-natura são admissíveis. Procurar reduzir e limitar o espaço de intervenção dos independentes aos seus próprios movimentos é tornar ainda mais redutora a participação, é afunilar ainda mais os partidos. Se a inclusão de Roseta tiver como consequência uma maior abertura do PS à sociedade, em especial aos lisboetas, não vejo que daí venha qualquer mal ao mundo, ou à cidade. Bem pelo contrário. Helena Roseta terá por essa via uma maior capacidade de intervenção e de realização e o PS ficará mais fortalecido. Santana Lopes diz que a coligação é sinal de fraqueza. Posso admitir que sim, pois que em princípio quem está numa posição de força não se coliga, limita-se a vencer. Porém, eu só pergunto se não será antes um sinal de inteligência quando está em causa ganhar a maior câmara do país? Aliás, se isso fosse sinal de fraqueza, então o PSD estaria em situação de fraqueza em dezenas de autarquias pelo país fora, a começar pela capital do Algarve, onde Macário Correia e o PSD se sentiram na necessidade de fazer uma aliança pré-eleitoral com o CDS/PP, o PPM e o Partido da Terra e de abrir a pré-campanha com a presença de Alberto João Jardim. Seria bom que Santana Lopes explicasse por que razão o que é bom para o PSD fora de Lisboa é mau para o PS em Lisboa. E também porquê que uma coligação de socialistas com independentes de esquerda, alguns que foram militantes do PS até há pouco, é mais criticável do que uma coligação entre o PSD, o CDS/PP, o PPM e o PT. A mim, preocupam-me mais alguns apoios que não trazem qualquer mais-valia do que uma coligação com Helena Roseta. Dela todos sabem quem é, de onde vem e qual é a sua postura ética e cívica. Coisa que certamente Pedro Santana Lopes terá alguma dificuldade em dizer dos muitos que no passado fizeram parte das suas listas e do PSD e que ficaram mais conhecidos pelas trocas e baldrocas em que se envolveram do que pela "obra realizada", como ele pomposamente gosta de dizer.  Se quem já foi eleito por quatro anos para um cargo e "deu à soleta" quer agora mais quatro para continuar, com mais razão se dão estes quatro a quem só teve a seu favor metade do prazo normal de um mandato para arrumar a casa e começar a fazer qualquer coisa. Não voto em Lisboa, mas se votasse, seguramente que votaria naqueles que já tivessem dado melhores provas de entrega à cidade e à função. E que sendo igualmente sérios ainda merecessem o benefício da dúvida, coisa que seria sobremaneira abusivo pedir em relação a alguns que andam há 30 anos na política enchendo as páginas de revistas, triste ironia, reconhecidas como "cor de rosa".      

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