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Delito de Opinião

Os patos facultativos

Pedro Correia, 11.07.09

  

“Facultatividade.” Não conhecia esta palavra, de resto horrível – só recentemente soube que existia. Tem-se ouvido muito a propósito do ridículo “desacordo” ortográfico que o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, quer impingir aos portugueses, contra a opinião expressa da sua antecessora nesta pasta, Isabel Pires de Lima, e de um apreciável número de escritores, editores e filólogos. Um “desacordo” que dá para os dois lados, cheio de “facultatividades”, como gostam de dizer os exterminadores de consoantes mudas, acusando quem se lhes opõe de pretender voltar a escrever farmácia com um obsoleto PH.

Se a consoante for pronunciada, escreve-se a palavra de uma forma; se não for, escreve-se de outra forma: facto ou fato, pacto ou pato – tanto faz. Há quem chame “acordo” a isto. Simplesmente genial.
Aposto que várias dessas sumidades têm nos seus cartões de visita a palavra phone – assim mesmo, à inglesa, para indicarem o numerozinho de telefone fixo ou celular. Os ingleses e os americanos são assim: não assinaram nenhum acordo ortográfico, mantêm sem complexos o PH e dão-se bem com tal grafia, que deve tudo à etimologia e nada à oralidade. Uns obsoletos – é o que eles são. E as sumidades também: já há vinte anos que nos andam a chatear com isto.

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