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Delito de Opinião

O santo horror de todas as coisas

Pedro Correia, 07.07.09

  

 

Bernard Henri-Lévy diz tudo quanto há de essencial sobre o finado Michael Jackson num artigo notável.

Alguns excertos:

 

- "Antes de tudo, as coisas. O santo horror de todas as coisas. Todo um aparato de máscaras, sombrinhas e mascarilhas. Toda uma borbulha, tão asfixiante como superoxigenada, a um tempo fechada e sobrexposta, que funcionava como uma estufa e o preservava da contaminação das coisas. E não apenas, como se disse, dos vírus, germes e bactérias, mas da vida em si mesma, entendida e vivida como um germe. O ser vivo como uma bactéria."

- "Não morreu devido a uma sobredose de medicamentos, mas por haver pretendido não apenas inventar mas também inocular uma vacina contra a vida."

- "[Via] a humanidade como um fiasco, os homens como feridas e a sociedade como um mal necessário."

- "Esta reencarnação de Peter Pan pensava sinceramente que os meninos se faziam sem contacto físico. Este adulto inacabado alimentou o sonho louco - e, em certa medida, concretizou-o - de conceber os seus próprios filhos sem contacto, quase sem mãe."

- "Reparem nas fotografias dele. Vejam a sua epiderme cada vez mais clara, como se tivesse sido passada por cal viva. Observem o seu nariz reduzido a quase nada, os lábios comidos do interior. (...) Considerem esta redução de um rosto reduzido à sua expressão mínima e convertido no seu próprio sósia. Não é o rosto a assinatura de um ser humano? A sua verdade? O modo como a expõe e se expressa? O signo da singularidade de cada qual, da sua unicidade sem preço?"

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