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Delito de Opinião

Arrumar a biblioteca (XIV)

Pedro Correia, 24.09.13

 

Amália, Pessoa e Camões

 

Arrumada e distribuída por várias estantes a ficção universal, chega a vez dos autores portugueses. Sendo alguns deles também universais -- de Luís de Camões a José Saramago, passando por Pessoa.

 

Os autores mais representados na minha biblioteca vão figurar em lugar de realce. Os restantes seguirão para o "estacionamento em segunda fila", por ordem alfabética de apelido, como já fiz com os escritores estrangeiros.

Os Lusíadas, que consulto com frequência, permanecem à parte, na sala. Numa das estantes do corredor, alinho as obras de Eça. Perto de Borges e Shakespeare: o nosso melhor romancista de todos os tempos justifica lugar à parte.

Os outros ficam na divisão a que decidi chamar escritório. Com merecidos destaques em prosa e poesia, também em função da quantidade de livros que disponho de cada autor.

Sophia de Mello Breyner, poesia completa. E os seus sublimes Contos Exemplares -- que tenho também em duplicado, como acabo de descobrir. Ruy Belo, poesia completa. Alexandre O'Neill, poesia completa. E a excelente biografia do autor de Um Adeus Português escrita por Maria Antónia Oliveira (Dom Quixote, 2005). A obra inteira de Miguel Torga. O inevitável Pessoa. Saramago, quase todo. Vergílio Ferreira, quase todo. A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino. Barranco de Cegos, de Redol. Os Meninos de Ouro, de Agustina. Os Contos do Gin-Tonic, de Mário-Henrique Leiria.

(E onde pára Mau Tempo no Canal, de Nemésio, que não consigo encontrá-lo?)

 

Hoje, para condizer, só escuto música portuguesa. Incluindo este clássico da nossa diva Simone de Oliveira numa soberba recriação de Wanda Stuart:

 

 

E que mais, em matéria de livros?

Algum Camilo, menos do que gostaria (Amor de Perdição, Eusébio Macário, A Queda de um Anjo, Novelas do Minho, A Filha do Regicida). Os Poemas de Deus e do Diabo, de Régio. A antologia de Eugénio de Andrade editada pela Inova. A Poltrona e outras novelas, de Gedeão.

Régio, Eugénio, Gedeão: três pseudónimos literários. Um dia hei-de escrever sobre a importância dos pseudónimos na nossa literatura (há ainda o Júlio Dinis, o Torga, o Santareno, a Irene Lisboa, o Tomás Kim, o Mário Cláudio e vários outros, já sem falar dos heterónimos de Pessoa).

 

Escuto agora o magnífico Cantar de Emigração, de Adriano Correia de Oliveira: grande poema de Rosalía de Castro, grande melodia de José Niza, grande interpretação deste trovador cuja voz se apagou demasiado cedo. E logo o associo aos versos de Manuel Alegre, que tão bem cantou em temas como Canção Tão Simples. Precisamente quando ponho os livros do poeta de Praça da Canção na prateleira da frente. Bem acompanhado por José Rodrigues Miguéis e Ruben A, dois dos meus prosadores portugueses de eleição.

 

 

Seguem-se outros nomes: José Cardoso Pires, Jorge de Sena, Mário de Carvalho, David Mourão-Ferreira, Pedro Homem de Melo. Tenho um livro de poemas deste último autografado pelo autor: Há uma Rosa na Manhã Agreste.

E autores mais recentes: Pedro Paixão, Gonçalo M. Tavares, Clara Pinto Correia, Francisco José Viegas, Inês Pedrosa, José Luís Peixoto, Maria do Rosário Pedreira, Domingos Amaral, João Tordo, Mafalda Ivo Cruz, o meu amigo Luís Naves, Rui Zink (fica desde já a promessa de o incluir na minha série Grandes Contos).

Em lugar especial ficam também as fotobiografias, de que tanto gosto. José Cardoso Pires, por Inês Pedrosa. Miguel Torga, pela filha, Clara Rocha. Vergílio Ferreira, de Helder Godinho e Serafim Ferreira. O Mundo de Ruben A, de Liberto Cruz, José Brandão e Nicolau Andresen Leitão. O monumental álbum Jorge de Sena. A Voz e as Imagens, editado pela Universidade Nova de Lisboa.

E ainda livros sobre livros e sobre autores de livros. A Geração de 70, de João Gaspar Simões. Camões: Labirintos e Fascínios, de Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Terraço Aberto, de David Mourão-Ferreira. Camões e Pessoa, Poetas da Utopia, de Jacinto do Prado Coelho. Dialécticas da Literatura e Fernando Pessoa e C& Heterónima, de Jorge de Sena.

 

David Mourão-Ferreira e Pedro Homem de Melo foram dois dos poetas que Amália mais e melhor cantou. Aqui ficam dois fados dela de que mais gosto. O primeiro com letra de Homem de Melo e música de José Marques do Amaral (melodia que ficou conhecida por 'Marcha do Amaral', como me informa um leitor na caixa de comentários). O segundo com versos de Mourão-Ferreira e música do insubstituível Alain Oulman -- um francês que será nosso para sempre.

 

Até amanhã.

 

    

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