O que estou a ler (13)
Enquanto o Adolfo não vem, aproveito o ensejo para falar das minhas leituras. Este foi o Verão no qual menos pude ler, em muitos anos. Um só livro me acompanhou por estes dias : O Coleccionador de Erva, de Francisco José Viegas. Vou a páginas cento e nove, cento e dez:
«Alguma coisa acabou entretanto, alguma coisa que nunca mais registámos no deve e haver, naquela contabilidade inocente das nossas vidas.
Jaime Ramos pensou nisto porque o rosto de Irina era impenetrável, uma espécie de desafio à sua habilidade para arrancar confissões ou para perceber um caminho no meio dos becos dos subúrbios.»
Regresso então a Isaltino de Jesus, a Jaime Ramos, ao mundo da investigação de crimes de sangue num Portugal não tão ficcional quanto seria de desejar. Dois traços autorais me prendem a atenção, aí: a presença sensível de um território que nunca é apenas cenário ou decoração; a insistente sombra do insolúvel, apesar do progresso da acção. Desta feita, há dois russos e uma africana aparecidos sem vida não longe do Porto, e uma portuguesa de velhas famílias desaparecida algures na Galiza. Ajustes novos, diferenças antigas. E o fim? E o título? Ainda não sei comos nem porquês - prefiro disdesfrutar o caminho para lá chegar.
Então e tu, Ana Lima, o que andas a ler?