Bom 2013
O homem deve ter uns cinquenta anos.
Está na porta da igreja, ali à rua da Madalena, encostado à parede. Em cima da sua cabeça, pendurado no edifício, vê-se um telão enorme com a palavra Fé. O homem fuma um cigarro e não parece nem pobre, nem rico, nem feliz, nem infeliz.
Por momentos ponderei se não será um daqueles anjos que eu via no Saldanha. Talvez se tenha mudado comigo para a Baixa. Nunca se sabe.
O sol está frio, mas o meu marido mostra-me a cafetaria/padaria com bom ar e a loja do chinês.
Na Travessa das Pedras Negras nr.1 começa a minha vida em 2013, tudo será melhor, vivemos ciclos de sete em sete anos e há mudanças. Chegada aos 42 anos é o que me espera: um novo ciclo. Quando penso nisto só me lembro de remoinhos e pouco mais. Ou tornados. Ou espirais. Pouco importa. Dizem que o espaço não tem som. Na minha cabeça tudo se atropela e o som é fortíssimo.
O resto? O resto é a vidinha.