Palheta na calçada
Chega pra lá.
Dá o mascoto e acerta a linha.
Traz das pretas. Põe o molde.
Tás com a cabeça noutro lado...
Ando quilhado cu’a patroa.
Atão?
É sempre gente lá em casa.
Mas qual gente?
É vizinhas, é a cachopa da padeira, é o velho coxo da guerra, é um sai e entra.
Deixá lá, num quer tar só. Dá lumes. Bota areia.
A minha, é gatos e canzoada. Tudo pra casa. Diz que tem peninha. É cada chuto no gato.
Anda Pacheco!
É meia. Vamos ó tacho?
Sempre co'a pressa. De comer e de receber.
Atão. Melhor, só se for beber e aquilo qu’a gente sabe...
Atenção às beiras, bem calcadas. Dá c’u maço. Vais dando e vais varrendo, p’adiantar.
Inda vais ter saudades minhas.
A flausina?
Não me dá troco. Deve estar servida. Fica tão linda a vender bilhetes. Ficava mais linda comigo ao pé.
Isto tá bera. O calor.
Tá lindo o barquinho.
Barquinho?! É o reclame da cidade, rapaz. Aprende. A Caravela.
Iiisso, veio a escorregar na tábua lá da província. Qué q’há-de saber?
Inté se borra no carro eléctrico.
Tira a estaca, estica a linha. Traz três brancas, só três.
Acabando, vamos à ginja.
Pro causa da ginja dormi na Estação.
Gastaste-o? É bem feita. Bebesses auga.
É mais fácil c’uma mão dez estrelas agarrar, fazer o sol esfriar, reduzir o mundo a grude, mas ginja com tal virtude é difícil de encontrar.
Ora viste? Lá goela tens tu. Passa à ponta, troca c’u Quim e ele que venha alinhar o mastro.
Deslarga. Tá na hora.