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Delito de Opinião

Mal passado, por favor

José Navarro de Andrade, 09.11.12

 

Afinal em que ficamos?

Quando um bispo profere uma diatribe contra o capitalismo, a esquerda aplaude a mãos ambas.

Quando Isabel Jonet, talvez com excessiva candura, diz a mesma coisa embora a partir de outro ângulo, cai o Carmo e Trindade.

Um das razões porque o actual Papa merece toda a consideração ideológica de quem se lhe opõe, é porque ele, brilhante teólogo, colocou as coisas em pratos limpos: a Igreja Católica nunca se acomodou nem se acomodará aos princípios do Iluminismo. Alguns desses princípios, aliás de vincada índole protestante, são a legitimidade da acumulação da capital – os judeus, lembram-se? –, a certificação do esforço individual, a bondade da progressão social.

Além da Fé e da Esperança, a Caridade integra o motto do catolicismo. A frugalidade, a temperança, são os valores que devem levantar-se contra o consumismo desenfreado. A parcimónia e a modéstia opõem-se à especulação e ao enriquecimento, os quais, cegam a virtude e roçam a imoralidade. A gratidão e a obediência, são barreiras à propensão capitalista para o tumulto e àquela nefasta espécie de inquietação social que faz os homens quererem sempre ter mais do que já têm. Sim, quanto mais conservador é o discurso clerical, mais se assemelha às bandeiras de uma certa esquerda portuguesa. Tão arreigado quanto isto é o pior da herança salazarista que persiste em não desaparecer, tão amplo quanto isto é o arco nacional contra a livre iniciativa.

Isabel Jonet limitou-se a reiterar os valores morais que sempre defendeu, os quais costuma pôr em prática com boa-fé e boa-vontade. Para quem nunca os partilhou, embora considere louváveis os resultados, qual é a surpresa?

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