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Delito de Opinião

Ganas? Não temos

Teresa Ribeiro, 12.06.12

Acusam os portugueses de cobardia, ou na melhor das hipóteses de falta de nervo quando os comparam com os gregos, os islandeses e os irlandeses. Evocam os conhecidos versos do O'Neill para confirmar, desconsolados, que o tempo passa e a natureza lusa permanece mansa, quase vegetal. Os portugueses abstractos continuam a vergonha dos portugueses concretos. A indignação é pública e notória quando os portugueses concretos, agitadamente sentados à mesa de tertúlias televisivas ou a derramar as suas prosas incendiárias em colunas de jornais, fustigam os portugueses abstractos clamando por mais agitação popular. 

Não fosse esta saudável esquizofrenia e talvez o desespero já tivesse incendiado as nossas ruas. Chamo-lhe saudável não porque gera esta paz podre, mas porque nos salvaguarda de um mal maior, que é o da identificação pessoal com um colectivo que não funciona. Não é a cobardia nem a lassidão que nos tolhe, mas a falta de fé no todo que formamos, essa doença endémica que a História, a política recente e as estatísticas do Eurostat, da OCDE e outros organismos competentes, ajudam a explicar. Até a raiva precisa de esperança. 

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