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Delito de Opinião

Os pesos e as medidas

Leonor Barros, 12.11.11

O Governo lembrou-se de acabar com o desconto de 50% nos transportes a que jovens e pensionistas tinham direito até agora. Nada contra. Paga quem tiver maiores rendimentos. O problema é que 'maiores rendimentos' podem ser esses agregados familiares endinheirados que ganham acima de 600 euros por mês, como aconteceu com o anterior (des)governo ou os doidivanas que têm rendimentos anuais brutos entre os 2.934,54 euros e os 5.869,08 euros, e cito a mesma notícia. Alguém me esclarece se os senhores deputados que têm a infelicidade de morar em concelhos distantes situados além de Lisboa, Oeiras, Cascais, Loures, Sintra, Vila Franca de Xira, Almada, Barreiro, Amadora e Odivelas vão continuar a receber a módica quantia de "69,19 euros, a título de ajudas de custo, por cada dia de presença em trabalho parlamentar e, se saírem do Parlamento em trabalho político para o território nacional, mais uma ajuda de 376 euros por mês"? Grata pela atenção.

4 comentários

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    Leonor Barros 12.11.2011

    Tudo bem. Como digo em cima, Pedro, se for justo, nada contra. Sou contra ajudas indiscirminadas do estado sem haver controlo. No meu tempo de faculdade conheci alguém que recebia bolsa e chegou a viver em residências do Estado e tinha mais dinheiro do que qualquer um de nós; viajava na altura em para qualquer outra pessoa isso era um sonho e uma verdaeira morodmia, usava roupas de marca e todas as inutilidades que o donheiro e só o dinheiro compra. Uma vergonha e um absurdo. Pergunto-me é se os deputados vão continuar a receber estas ajudas de custo quando o resto do país já nem de tanga está. Justifica-se que um deputado que more em Mafra ou em Torres Vedras ganhe quase 70 euros para vir trabalhar? É um insulto. Qualquer cidadão que trabalhe longe da sua residência paga os transportes e os custos inerentes a essa deslocação. Um dos problemas deste país é que os governantes e deputados se habituaram a viver como se fossem realeza e estivessem acima do povo. Não me conformo.
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    Pedro Correia 12.11.2011

    Como referes, Leonor, os abusos vêm de longe. E no caso de uma empresa como a CP isso é ainda mais notório. O historial deste monstruoso défice dava um livro grande. Um livro negro.
    O outro ponto que mencionas relaciona-se com o estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos. Essa é uma questão menos linear mas que justifica igualmente reflexão em tempos de crise. Com este pano de fundo: há que acautelar discrepâncias remuneratórias entre lisboetas (de naturalidade ou de residência) e não-lisboetas, sob pena de acentuar as assimetrias neste domínio. A actividade política não pode ficar circunscrita a lisboetas ricos ou da classe média-alta. Nas últimas duas décadas tem-se registado uma tendência preocupante para a exclusão dos cargos de representação ou decisão política de pessoas oriundas de outras zonas do país.
    O último primeiro-ministro português que ao assumir estas funções não residia em Lisboa ou arredores foi Francisco Sá Carneiro (em 1979/80). O último presidente da república... já nem me lembro.
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    Leonor Barros 12.11.2011

    Os parlamentares e membros do governo não podem estar acima do cidadão comum, Pedro. É uam falta de respeito para com todos nós e, como dizem os brasileiros, cara de pau, pedirem-nos sacrifícios e estarem comodamente sem que nada lhes chegue. Setenta euros x 22 dias úteis são 1540 euros mensais. Se isto não é gozar com todos nós não sei o que é. Já o disse antes, aceitaria, contrariada e chateada, é certo, mas aceitaria os cortes que me vêm fazendo desde Setembro se fossem para todos sem excepção e se provassem que eles foram o último recurso, não o que estava mais à mão. Admite-se que haja ordenados na RTP que vão até aos 30.000 euros mensais e que venham tirar subsídios a quem ganha uns míseros mil euros comparativamente? É claro que não.
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