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Delito de Opinião

Um café na manhã quente

Laura Ramos, 30.10.11


Para amansar o peso do decreto de Outono e a loucura que tomou os relógios, fui para a outra banda, encafeinar-me ao final da manhã.

Gosto deste mosteiro, 300 anos esquecido, que nos foi devolvido com um brio invulgar e que tem vida, energia, programação constante (e um belo auditório). 
Um caso de gestão de património histórico que se segue a uma gigantesca obra de recuperação e que depois conseguiu ganhar outro desafio  ainda mais difícil: ser gerido com alma por gente irrequieta e indiferente às profecias.
Da esplanada do bar-restaurante, para lá do espelho de água, ali está ele, teimosamente afundado numa cota inferior ao rio, finalmente enquadrado, gracioso e nosso.
Gosto de conversar aqui. Inspiram-me a gravidade das pedras e a sobriedade elegante do edifício românico ou, dizem, do gótico experimental.
E é como se nunca  tivesse a certeza absoluta de que, de repente, uma horda de clarissas palradoras não invadisse o relvado em sentido a nós, directamente saídas do século XIII e com uma alegria de agora, ao contemplarem o exterior liberto da tirania das águas.
Vamos... isto ainda é do efeito-woody (pensei). Mesmo assim, é melhor não dizer o que me vai na cabeça, ainda meio ensonada, quando me perguntam porque é que eu hoje não estou ali. Estou, estou: aliás, nunca estive tanto.
Se elas - as freiras mendicantes - aterrassem, de facto, nos dias de hoje, encontrariam imenso que fazer à sua volta.

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