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Delito de Opinião

A moeda de Sócrates

Laura Ramos, 19.10.11
 
 

 

Primeiro, ignorei. Depois, preocupei-me (estouvadamente e em abstracto).

Pouco depois, acossada, tirei-o do banco e meti-o no secreto caseiro, concebido ardilosamente desde a construção do refúgio, para os bules e os brincos de arrecadas.

A seguir, comecei a desconfiar da segurança do reservado (se aquele homem que vinha ler o contador da luz me rouba às descaras, o que não faria em manobras?).
Meti-o então, derrotada, no colchão, sentindo o peso, envergonhada, do retrocesso civilizacional.

(Avô, como te compreendo).
Dentro de muito pouco tempo posso não ter nada: nem para devaneios, nem para livros, nem para iogurtes, nem para patavina. E tenho (isso sim) a quem alimentar debaixo do meu tecto.

Guardei-o, como um filho.

E eis que amanheceu assim.

 

Amanhã vou às Finanças pagar os meus impostos.

Com isto.

É quanto vale o meu trabalho.

 

Devolvam-me.

Tudo o que gastaram sem minha autorização.

5 comentários

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    Laura Ramos 20.10.2011

    A Suíça (cofre forte do pós 25/4 para muitos, afianço), foi chão que deu uva, André...
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    André Benjamim 20.10.2011

    Parece que os gregos transferiram para lá, desde que o FMI chegou, uma quantia exorbitante que dava p'ra lhes acabar com o défice. Muito capital continua a ser plantado naquele chão. A minha conta de 4 dígitos não dá para essas extravagâncias...
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    Laura Ramos 20.10.2011

    Sortudo.... Conta de 4 dígitods hein?!
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    André Benjamim 20.10.2011

    1234... Bem se contar com os cêntimos, dá para o 5.º e 6º dígito. Sortudo?! Por acaso ainda não vi a chave do totoloto de 4.ª feira...
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