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Delito de Opinião

Desemprego: um drama em números

Pedro Correia, 25.03.09

Há um mês, sabe-se lá porquê, os números do desemprego eram animadores. Agora são aterradores: "Traduzem um aumento do desemprego em Portugal, como em todos os países da Europa. Estamos a viver uma crise mundial sem precedentes." O autor de ambas as afirmações, separadas por escassas semanas de intervalo, é o mesmo : José Sócrates. Que assim confirma estar numa fase de pura navegação à vista, sem saber como contornar esta evidência, agora confirmada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional: o desemprego entre nós subiu 17,7% entre Fevereiro de 2008 e Fevereiro de 2009, atingindo hoje oficialmente 469.299 pessoas. É o maior acréscimo num período homólogo desde 2003: só num ano registaram-se mais 70.720 desempregados. E 21.333 no último mês.

Más notícias para aqueles que, na linha de Sócrates, vogavam ainda há pouco em onda de optimismo. Gente como Paulo Pedroso, que proclamava com uma fé inquebrantável: "Apesar de tudo, Portugal continua a resistir." Ou como Miguel Cabrita, sempre em sintonia com o Governo, que utilizava o drama humano do desemprego em exercícios de ironia. Ou o inevitável Vital Moreira, que se entusiasmava perante números "muito menos maus do que as previsões".

Procurei nos últimos dias, por estes mesmos blogues, a ver o que tão distintos autores diziam sobre a mesmíssima matéria, devidamente revista e actualizada: nada. Obviamente. Por vezes nada há de tão eloquente como o silêncio.

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