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Delito de Opinião

Castos e pobrezinhos

Leonor Barros, 08.09.11

Começo a ter medo de viver neste país e isto porque tudo mas tudo, rigorosamente tudo, se não foi taxado com impostos, sobretaxas e tributos solidários, poderá vir a sê-lo e tudo o que se tinha como garantido pertence ao passado. Já aumentaram tudo o que podia ser aumentado, ou quase, e quando o povo, de pé ligeiro e estômago vazio, se preparava para esquecer as agruras e descarregar o stress numa sessão tórrida de sexo ou amor, meia hora de alienação total e entrega desalmada, corpos enleados na alcova da intimidade, eis que surge esta nova medida. Voltemos a medir temperaturas, contar dias e a cuscar viscosidades várias à procura da linguagem do corpo, entreguemo-nos à prática, que se não é milenar bem podia sê-lo, do coito interrompido. Quem está a esfregar as mãos de contente é a Igreja Católica. Este Governo vai fazer mais pelos pecadores do que cem homilias na Quaresma. Se não estivéssemos tão mal até julgaria que era um incentivo à maternidade. Já que mal nos deixam comer ao menos que nos deixassem entregarmo-nos a outros verbos acabados em –er. Mas não. Além de pobre e faminto, o povo quer-se bento e casto. Muito bem. Há que pôr o povo na linha, esses badalhocos.

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