O que ficou; o que se espera
- Um grupo parlamentar talhado à medida da débâcle e do tenebroso "aparelho" que o manteve à tona, iludido e convencido de si;
- Um partido centralizado, acomodado, manietado, silencioso e acrítico, do tipo "Maria vai com as outras", que não honra a tradição republicana e socialista;
- Um núcleo subserviente, agarrado como uma lapa à figura do líder e onde qualquer olhar crítico é visto como um acto de rebeldia, de falta de solidariedade e de lealdade para com quem manda;
- Um futuro líder agrilhoado a um conjunto de deputados (nem todos) eleitos em 5 de Junho, que tudo fará para que qualquer alternativa à sucessão saia de um dos seus, obrigando o futuro líder, se quiser aspirar a uma liderança efectiva, a ter de contar com eles, com as suas manobras de bastidores, cliques e egoísmos para reconstruir o partido na Oposição.
É isto que torna tudo mais difícil. E desafiante.
Vai haver muito trabalho, muito trabalho mesmo, para quem queira trabalhar, limpar a casa e espera um dia poder voltar a ver uma liderança competente e prestigiada, que saiba ouvir, dialogar e comunicar para dentro e para fora do partido usando a mesma linguagem. Em suma, um líder à altura da tradição e dimensão do partido, capaz de dar esperança aos portugueses e aos militantes anónimos que nele confiam, exigente e responsável.