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Delito de Opinião

Notas sobre os processos revolucionários em curso (2)

Rui Rocha, 03.02.11

Começa a ser recorrente a comparação entre a revolução egípcia e aquela que ocorreu no Irão em 1979. Esta é uma das declinações do argumento do perigo islâmico. O risco que se acena existe. Todavia, devem sublinhar-se algumas diferenças entre uma situação e outra. Até este momento, a revolução egípcia tem apresentado uma origem não ideológica. A actividade da Irmandade Islâmica tem sido discreta e não é comparável com a intervenção dos seguidores de Khomeini na revolução iraniana. Por outro lado, um dos factos que precipitaram o desenlace iraniano foi o ataque, ainda em 1978, das forças de Reza Pahlevi sobre manifestantes. A carnificina ocorrida (4000 a 5000 mortos?) eliminou qualquer possibilidade de sucesso de correntes moderadas. O banho de sangue radicalizou as posições e acabou por abrir a porta para os resultados que se conhecem. No Egipto, adivinha-se uma escalada de violência. Para evitar a concretização da ameaça de repetição da história é fundamental evitar que o ódio e a ira atinjam o ponto de não retorno. No estado actual da situação só a queda imediata de Mubarak assegura este objectivo. Às diplomacias americana e europeia não resta outro caminho senão promover esse desenlace antes que seja tarde demais. Os acontecimentos de ontem são bem a evidência de que o desastre pode acontecer nas próximas horas.

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