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Delito de Opinião

Estaline e Kim Jong-il

Pedro Correia, 08.11.10

Na última edição do Avante!, o neo-estalinismo continua em grande. A pretexto da próxima cimeira da NATO que se realiza em Lisboa, o jornal do PCP salienta que desde a sua criação, em 1949, esta organização «apontava o seu fogo à União Soviética, cujo prestígio no mundo era imparável por ter sido a grande responsável pela vitória sobre o nazifascismo na II Guerra Mundial». Típica linguagem da Guerra Fria: o "órgão central" dos comunistas portugueses parece estar pelo menos há 25 anos parado no tempo, como se Tchernenko ainda fosse o ditador de turno na Moscovo soviética. Por um resquício de pudor, o nome de Estaline não é impresso nesta edição do jornal, mas a glorificação do estalinismo está lá, intacta, na referência ao "imparável prestígio no mundo" da URSS em 1949, então gerida com mão de ferro por Estaline, um dos maiores criminosos da História.

Ao melhor estilo estalinista, o Avante! omite, aliás, que durante dois anos, entre 1939 e 1941, a União Soviética foi aliada de Hitler e Mussolini durante a II Guerra Mundial e só rompeu com o nazismo quando os tanques de Berlim já invadiam o seu território.

 

O neo-estalinismo do jornal é também muito nítido no noticiário internacional. Repare-se nesta notícia: «A rejeição do convite para conversações por parte da Coreia do Sul é uma expressão de ignorância sobre a actualidade e um acto de traição para com todos os coreanos, considerou Pyongyang. De acordo com informações veiculadas pela agência de notícias norte-coreana, o governo da República Popular Democrática da Coreia convidou o vizinho do Sul para conversações. O objectivo era o estabelecimento de um acordo militar, mas Seul terá rejeitado "persistindo no enfrentamento e na guerra", disse fonte oficial à KCNA.»

Que vemos aqui?

A defesa aberta e declarada do regime neo-estalinista da Coreia do Norte, o mais repressivo do mundo, que o Avante! - só mesmo ele - apresenta aos seus leitores como amante do diálogo, da concórdia e da paz. Assim se distorce deliberadamente a verdade dos factos, rasurando a fotografia.

Essa mesma página é encimada com a seguinte notícia: «Por aumentos salariais e contra a retirada de direitos / Trabalhadores voltaram aos protestos nas Honduras».

Alguém imagina uma manifestação de protesto de trabalhadores por aumentos salariais na Coreia do Norte "Popular e Democrática", como tão carinhosamente lhe chama o órgão neo-estalinista do PCP?

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