Convidado: DAVID LEVY
Quando as causas politicamente correctas colidem
A Embaixada de Israel prestou apoio à 14ª edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa - Queer Lisboa 2010. Esse facto aparentemente passou despercebido durante algum tempo aos auto-intitulados defensores dos palestinianos e de todas as causas politicamente correctas. Descoberto o patrocínio, imediatamente se abriram as portas do Inferno. Já há manifestações de repúdio contra o apoio israelita a um festival que devia ser promotor da aceitação dos homossexuais, da tolerância e da paz. Causas bonitas e que estão sempre na boca de algumas pessoas, excepto quando colidem com os seus interesses. É o que se passa neste caso, pois as totalitárias e pouco tolerantes associações protectoras dos gays não gostaram de perder o tradicional protagonismo, e num ápice montaram um circo de protesto em torno de um simples apoio institucional. Uma grande contradição, pois dizem-se defensoras dos direitos dos homossexuais, mas repudiam o país do Médio Oriente que mais abertura dá a este assunto, ao mesmo tempo que se dizem apoiantes dos palestinianos, um povo abertamente homofóbico e que é conhecido pelas perseguições que faz aos seus gays e lésbicas. Os mistérios de tal contradição encontram explicação em três palavras: Bloco de Esquerda. Este partido, para além de ser geneticamente anti-sionista, considera-se dono das minorias, dominando os movimentos homossexuais. Por isso, é-lhe impossível admitir que um país como Israel apoie um festival de cinema gay. É contra-natura e estraga-lhe a cartilha ideológica.
Não há muito a fazer em relação a isso, excepto denunciar o totalitarismo do BE e das suas associações satélite, que com protestos destes acabam por se mostar mais preconceituosas do que muitos homofóbicos.
Na foto a parada gay de Tel Aviv de 2010, que juntou 100 mil pessoas, quase tantas quanto os eleitores do Bloco de Esquerda e bem mais do que os filiados em associações do tipo panteras rosa.