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Delito de Opinião

Parabéns, Luís

Pedro Correia, 30.11.13

Julgo falar por todos os membros do DELITO DE OPINIÃO ao deixar aqui um caloroso abraço de felicitações ao nosso colega de blogue Luís Menezes Leitão. Pela sua eleição, já confirmada, para a presidência do Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Na certeza de que o lema "Ao serviço da advocacia" será integralmente cumprido no exercício das novas funções, dando natural sequência à confiança nele depositada pelos seus pares.

Parabéns, Luís.

Agradeço, com todas as letras (parte I)

Pedro Correia, 30.11.13

 

O meu livro Vogais e Consoantes do Acordo Ortográfico foi editado há seis meses, pela Guerra & Paz. É tempo, pois, de fazer um balanço global dos ecos que foi encontrando de então para cá.

Em primeiro lugar, deixo o registo, necessariamente incompleto, de quem mencionou esta obra nos mais diversos media. Com um agradecimento a todos os nomes e órgãos de informação aqui referidos:

 

Sábado: «Pelo menos 35 colunistas de seis jornais e revistas que aderiram ao último acordo ortográfico recusam-se a escrever de acordo com as novas regras. A lista vem no livro Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico, de Pedro Correia, que será lançado no dia 21 [de Maio]. Esta frente contra o acordo, que inclui pelo menos seis editoras de livros e dezenas de escritores e poetas, não olha a clubes nem a partidos: também estão lá o Avante! e o jornal do Sporting.» (9 de Maio, sem hiperligação)

 

Francisco José Viegas, Correio da Manhã: «Pedro Correia escreveu um dos livros mais tentadores do mês [Maio]. Apetece discuti-lo, sim senhor.» (16 de Maio)

 

Nuno Pacheco, Público: «A recente edição de mais um livro sobre o AO, Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico, assinado pelo jornalista Pedro Correia e em boa hora editado pela Guerra & Paz, é óptimo pretexto para voltar a um tema caro e que nos está a sair caro a todos, mesmo aos que acham que não pagam nada para este "negócio". Pedro Correia faz, no livro, uma resenha muito actual e essencialmente jornalística do processo que nos conduziu até aqui. As reformas do passado, as promessas dos paladinos da coisa, a ignorância e a avidez dos políticos. Se o acordo, entretanto inoculado em diversas instituições e nos nossos computadores como um vírus, servisse de facto para o que dele disseram, a língua portuguesa tinha à sua frente um futuro bem radioso. Sucede que não tem, antes pelo contrário.» (19 de Maio)

 

Francisco José Viegas, Correio da Manhã:  «Pedro Correia é um partizan. Fazem-nos falta pessoas comprometidas que proponham soluções e caminhos, ao contrário do que acontece no pobre mundo da política, onde a irresponsabilidade ganha votos. Mas o Acordo Ortográfico é mais mobilizador do que a política destes dias, e compreende-se: tem a ver com a nossa vida.» (20 de Maio)

 

Duarte Branquinho, O Diabo: «A oposição ao Acordo Ortográfico continua, demonstrando que esta imposição de um disparate linguístico não deixa os portugueses indiferentes. Desta vez, coube ao jornalista Pedro Correia a publicação de mais um livro que denuncia este atentado contra a Língua Portuguesa.» (21 de Maio)

 

Fernando Alvim, Prova Oral, Antena 3: «O Acordo (as más línguas dizem desacordo) Ortográfico volta ao nosso programa. O convidado é Pedro Correia.» (22 de Maio)

 

Carlos Vaz Marques, O Livro do Dia, TSF: «O livro de Pedro Correia é uma espécie de argumentário anti-acordo, apresentando - uma por uma - as razões daqueles que rejeitam a mudança de grafia.» (23 de Maio)

 

Pedro Mexia, Expresso: «Este acordo não serve, não presta, é preciso denunciá-lo ou, no mínimo, revê-lo em profundidade. É preciso acabar com aberrações como a recessiva "receção" e o tauromáquico "espetador" e a lasciva "arquiteta". E com a fantasia de que as consoantes que abrem as vogais são mudas". E com a ideia de que a escrita é uma transcrição da fonética.» (25 de Maio)

 

 

Fernando Sobral, Jornal de Negócios: «Pedro Correia vem, neste inteligente e conciso livro, mostrar os absurdos de muitas das decisões de alguns académicos que acabaram por causar o caos no meio das vogais e consoantes, causando calafrios a quem tem de escrever. Revelador.» (25 de Maio)

 

Nuno Galopim, Diário de Notícias: «Começa assim, lembrando que "surgiu com a ambição de alcançar o inalcançável: a unidade ortográfica da língua portuguesa." (...) Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico apresenta-nos uma história e defende uma tese que vê este acordo como "tecnicamente insustentável, juridicamente inválido, politicamente inepto e materialmente impraticável". A sua análise anda pelo tempo, recordando outros episódios da história da língua, contribuindo para este tão importante debate sobre a forma como lemos e escrevemos." (25 de Maio, sem hiperligação)

 

Ana Cristina Leonardo, Expresso: «Como é hábito em Portugal, a discussão sobre o AO foi sendo desviada do essencial, com a irracionalidade a invadir o debate. Os contra eram uma cambada de retrógrados, os apoiantes davam provas de progressismo. O curioso é que, nesta matéria, o sonho imperial e saloio do cavaquismo linguístico deu as mãos ao deslumbramento modernaço e igualmente saloio do socratismo. Prova de que les beaux esprits se rencontrent, mesmo em francês.» (1 de Junho)

 

João Pereira Coutinho, Folha de São Paulo: «Pedro Correia acaba de publicar em Portugal Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico (Guerra & Paz, 159 págs). Atenção, editores brasileiros: o livro é imperdível. E é imperdível porque Pedro Correia narra, com estilo intocável e humor que baste, como foi possível parir semelhante aberração.» (4 de Junho)

 

Sara Figueiredo Costa, Time Out: «O livro de Pedro Correia será útil a ambos os lados do debate, porque apresenta com detalhe os vários momentos do processo, organizando-os de modo claro e sem ceder ao hermetismo que o tema por vezes revela. Não é preciso ser um especialista em linguística para perceber tudo o que aqui se escreve e a reflexão sobre aquilo que tantos dizem ser apenas pequenas alterações torna-se mais produtiva se recuarmos à noção de ortografia (nada compatível com a ideia permitida pelo AO de que cada um escreve como fala) e se conhecermos as declarações dos vários protagonistas desta história. Serviço público, portanto.» (5 de Junho)

 

Pedro Rolo Duarte, Hotel Babilónia, Antena 1: «Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico é basicamente um trabalho jornalístico que explica e enquadra o Acordo Ortográfico num contexto histórico, ideológico e político. (...) É o primeiro trabalho em que consegui perceber com rigor o processo que levou a este acordo. E é também a desmontagem sistemática, e na minha opinião bem argumentada, deste acordo. Parabéns.» (15 de Junho)

 

Francisco José Viegas, Ler: «Pedro Correia traça, em Vogais e Consoantes politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico, o destino do AOLP: parar, corrigir, refazer. É o que vai acontecer, se quisermos, algum dia, falar de uma língua comum aos países que a têm como emblema.» (edição de Junho)

 

Ernâni Pimentel (professor de Linguística brasileiro), TV Senado, do Rio de Janeiro: «Pedro Correia fez uma pesquisa muito boa. (...) Ele fala de todas as reacções que estão acontecendo na maioria desses países [lusófonos] e está mostrando que é realmente muito difícil que esse acordo [ortográfico] venha a ser adoptado em países como Angola e Moçambique, que são importantes na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. É muito interessante o que ele relata que está acontecendo nos demais países. Fala sobre as reacções fortes em Portugal, fala do improviso com que esse acordo foi votado lá em Portugal e fala das reacções populares, dos abaixo-assinados, dos movimentos...» (1 de Novembro)

 

Imagem de cima: livraria Ler, de Campo de Ourique. Outra imagem: livraria Bertrand do Campo Pequeno (Lisboa)

Agradeço, com todas as letras (parte II)

Pedro Correia, 30.11.13

 

Fica igualmente a referência aos blogues que aludiram ao meu livro. Também com o meu agradecimento e um pedido de desculpa por alguma eventual omissão, que prontamente corrigirei.

 

A Barbearia do Senhor Luís

A Bem da Nação

A Dignidade da Diferença

A Ronda dos Dias

A Viagem dos Argonautas

Acordar Melhor

Açúcar Amarelo

Ainda que os amantes se percam...

ALCA

Andanças Medievais

Antes que eu me esqueça...

Atentado ao Pudor

Aventar (1, 2, 3)

Bandeira ao Vento

Bibliotecário de Babel

Biblos - AEFCR-BE

Bic Laranja

Blog do Bianchi

Bloguítica (1, 2)

Books Around the Corner

Cá Entre Nós

Cabeça de Cão

Cadeirão Voltaire

Carlos Emerson Junior

Cidadão do Mundo

Colóquios da Lusofonia

Core Catholica

Corta-Fitas

Crónicas de Além Tejo

Declínio e Queda

Descomplicómetro

Dias Imperfeitos

É Fartar, Vilanagem

És a nossa Fé

Estado Sentido

Eternas Saudades do Futuro

Fio de Prumo

Floresta do Sul

Forte Apache

Grande Hotel

Isto e Aquilo

História Maximus

José Cipriano Catarino

Lados A/B

Luminária

Ma-Schamba

Meditação na Pastelaria

Memória Virtual

O Andarilho

O Bacteriófago

O Escafandro

O Jornaleiro

Palavrossavrvs Rex

Pena e Espada

Perca Tempo - O Blog do Murilo

Ponte Vertical

Por A mais B

Portugal dos Pequeninos (1, 2, 3)

Portugal Glorioso

Português de Facto!

Praça da República

Quousque Tandem

Rabiscos de uma Leitora

Rangers & Coisas do MR

Real Associação da Beira Litoral

Risco Contínuo

Robssoares's Blog

Scriptum

Tertúlias à Lareira

Um Jardim no Deserto

2711

 

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E ainda um abraço muito especial ao meu editor, Manuel S. Fonseca, e à Tânia Raposo, leitora infatigável e paciente. Graças a eles publiquei um livro e ganhei mais dois amigos.

Valeu a pena.

 

Imagem: livraria d' El Corte Inglés (Lisboa)

Evitar o contágio

Sérgio de Almeida Correia, 30.11.13

O Público revela na sua edição de hoje alguns pormenores a propósito do convite e da recusa de Rui Rio em assumir a liderança do Banco de Fomento.

Fazendo fé no que ali se conta, e não há razões que me levem a duvidar da seriedade do relato ou acrescento de qualquer ponto, o episódio confirma em absoluto tudo o que eu pensava antes de quem convidou e de quem recusou. E, mais do que isso, demonstra como é fácil a estupidez cruzar-se com a inteligência mantendo-se tudo na mesma.

Desconheço se o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto leu Mazarin e o que este escreveu em 1684 no seu "Breviarium Politicorum". Se não leu indicia todas as qualidades que poderão um dia, se lhe derem o privilégio de umas primárias, vir a ocupar à frente do PSD o lugar que espera António Costa no PS logo que lhe desimpeçam a loja.

Mesmo quem não goste, ou não morra de amores por Rio, desde que conhecesse o seu percurso e estivesse atento à forma como gere as suas intervenções públicas e os tempos em que as faz, dificilmente acreditaria que fosse homem para aceitar liderar neste momento uma instituição - com a importância que nunca terá - como o novel Banco de Fomento. Em especial com o peso político que significa para o actual primeiro-ministro. Menos ainda se o convite formulado por Passos Coelho trazia consigo, como foi o caso, a inacreditável escolha antecipada da equipa que se queria que Rui Rio dirigisse.

Nenhum homem decente, inteligente e sensato q.b. aceitaria, por muito ambicioso ou tributário que fosse ao convidante, ser colocado à frente de uma entidade como o tal Banco tendo de engolir todos os "Franquelins" que lhe fossem impingidos.

O lastro de confusões, demissões, golpadas, convites, "desconvintes" e cegadas várias em que o primeiro-ministro, ou os seus homens de confiança por ele, se tem envolvido desde Junho de 2011, bastariam para obrigar o mais desprevenido a pensar duas vezes antes de, numa altura destas, aceitar meter-se numa embarcação, em mar revolto, sabendo que o almirante que escolheu a tripulação não distingue bombordo de estibordo, é atreito a levantamentos de rancho entre a sua gente, confunde proa com popa e na embarcação que ele próprio dirige já viu a maioria dos seus tripulantes enjoar na ponte, enquanto os sobrantes e os passageiros que foram obrigados a seguir viagem, quase todos velhos, doentes e reformados, se atropelam para ver quem primeiro se atira borda fora na esperança de serem recolhidos por alguém que passe ao largo e lhes atire uma bóia e uma lata de sardinhas.

Uma das coisas que Mazarin aconselhava a um político era que se tivesse de responder negativamente a um pedido fingisse que precisava de reflectir. E que depois se mostrasse sinceramente desolado por não poder atendê-lo. Desconfio que Rio, mesmo que não tenha lido a obra que me veio à memória, nunca precisaria de recorrer a um grau tão grande de perfídia e hipocrisia para recusar o convite. Bastar-lhe-ia ser coerente, como parece ter sido.

Aquilo que para qualquer um de nós seria uma evidência, como o resultado da imposição de uma cura de emagrecimento em quem já dava sinais de subnutrição, não o foi para Passos Coelho.

Pessoalmente estou convencido, no que até Pedro Lomba ou Poiares Maduro num momento de lucidez serão capazes de admitir, que de mais este triste episódio sai um Rio de caudal reforçado que ameaça galgar as margens a qualquer momento, correndo ainda mais violento para a sua foz.

Quanto a Passos Coelho, que neste desgraçado filme comprido e chato faz papel de marujo arvorado, fica a eliminação das dúvidas que restassem sobre a preparação política que recebeu. Ou seja, confirma-se que politicamente possui a preparação de um tarimbado servente de S. Bento. A grande diferença é que este, ainda que convidado para universidades de Verão e convivendo com professores doutores, não aspira ser primeiro-ministro. Nem sequer quando com um grão na asa adormece destapado e virado para a esquerda. Um néscio político não faria pior. Bastar-lhe-ia ir ao calendário e ver que o Primeiro de Dezembro estava à porta e gritar a plenos pulmões: Viva Portugal!

Desconexos

Teresa Ribeiro, 30.11.13

Desligados

O tema da falta de comunicação entre as pessoas nas sociedades modernas já é tão banal que aflorá-lo sem cair em lugares comuns começa a ser difícil. "Desligados" é pois um filme  que se arrisca à irrelevância ao focar-se por inteiro neste tópico, sem recurso a enredos paralelos ou notas de humor que nos surpreendam. Mas tal como as melhores obras de ficção esta película, premiada nos festivais de Veneza e de Toronto, não precisa de subterfúgios para conseguir a nossa atenção.

Às vezes basta uns minutos de realidade para entrarmos de cabeça numa boa história, pois é o que acontece com "Desligados". Às primeiras cenas ligamo-nos. A identificação imediata com o que vamos observando é a opção mais tentadora, embora também seja possível ficar só a ver. O que não se torna viável desde o começo é o descomprometimento. A acção em mosaico flui de acordo com a narrativa serena que se faz em torno da incomunicabilidade, um terreno que nos é tão familiar. No centro destas desconexões está a tecnologia, a grande facilitadora, que quase dispensa a intervenção humana. Mais um pouco e não é preciso fazer nada para comunicar. Nem falar, nem estar, nem escrever. Estamos perto disto ou já la estamos e visto de fora, no escuro de uma sala de cinema, juro que parece um filme futurista, daqueles em que os humanos se parecem com robots. Mas isto já sou eu a divagar, porque em momento algum neste filme se faz por interposta personagem estes juízos de valor. Como nos contos de Hemingway o conteúdo de "Desligados" é descritivo, não interpretativo. Essa parte, a mais dura, fica para nós. Se quisermos, antes de retomar as nossas rotinas virtuais, darmo-nos ao trabalho.

 

Título original: Disconnect

Realização: Henry Alex Rubin

Intérpretes: Jason Bateman, Frank Grillo, Hope Davis, Michael Nyqvist, Paula Patton

No reino dos eufemismos

Pedro Correia, 29.11.13

 

Acabo de ouvir num canal televisivo que uma determinada empresa construtora "rescindiu com 300 colaboradores". Está tudo errado nesta frase. No espírito e na letra. O mundo laboral parece ter sido liofilizado no discurso jornalístico corrente. Como se a palavra trabalho queimasse. Como se trabalhar fosse algo indigno. Como se um trabalhador devesse ocultar esta sua condição numa sociedade - e num continente inteiro, como bem revelam as estatísticas europeias - onde um posto de trabalho é um bem cada vez mais escasso.

Trabalho, palavra bíblica. "Bem basta a cada dia o seu trabalho", diz Jesus no Sermão da Montanha. Reescrita à luz da novilíngua dominante, quem trabalha deixou de ser trabalhador: é "funcionário" ou, de modo ainda mais eufemístico, "colaborador". Pela mesma lógica, não pode ser despedido mas "dispensado". Ou, de modo ainda mais eufemístico, alguma Alta Entidade da corporação empresarial "prescinde" dos seus serviços. Ou da sua colaboração.

Sempre me ensinaram que o discurso jornalístico, para ser eficaz e competente, devia descodificar todo o jargão encriptado, que obscurece a mensagem em vez de a tornar transparente. Nos dias que correm, sucede precisamente ao contrário: o jornalismo abdica demasiadas vezes de clarificar a mensagem, obscurecendo-a por cumplicidade activa com as "fontes" ou por mera preguiça intelectual.

No reino dos eufemismos, não se trabalha: "colabora-se". E ninguém é despedido: há apenas quem "cesse funções" ou veja os seus préstimos "prescindidos" por alguma entidade empregadora em fase de "reestruturação" ou "reavaliação" das potencialidades do mercado. Mas as coisas são o que são, mesmo que as palavras ardilosas procurem camuflar uma realidade nua e crua.

A empresa construtora despediu 300 trabalhadores. Assim mesmo, ponto final. A realidade, só por si, já é suficientemente dura. Não juntemos ao drama do despedimento a injúria de ver esta palavra banida do dicionário jornalístico quando está mais presente que nunca na vida real.

 

Texto reeditado. Publicado originalmente no DELITO DE OPINIÃO a 28 de Maio de 2012

A crise e as oportunidades

João André, 29.11.13

Um dos momentos mais interessantes de cada nova discussão com colegas - oriundos de outras unidades de negócio - ou com pessoas de outras empresas alemãs é quando chega o momento de dizer que sou português. Quase todos perguntam pela situação em Portugal, lamentam as dificuldades e desejam que passem depressa. Sentimentos genuínos, sem dúvida, tal como o são quando alguém falava sobre a fome no Biafra com um bife no/do lombo.

 

Aquilo que muitas vezes se me depara é outra coisa: acabam quase todos a perguntar se será então um bom local de recrutamento de pessoas, especialmente com formação técnica.

 

De uma penada vejo um certo tipo de mentalidade: uma cristã preocupação pelo sofrimento no mundo e um muito prático aproveitamento das oportunidades geradas. Pedro Passos Coelho tinha de facto razão: a crise e o desemprego são oportunidades. Para os outros países.

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