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Delito de Opinião

Banana Republic

Paulo Gorjão, 31.01.09

Não é por nada, mas parece-me que grande parte da elite portuguesa, nas esferas política e judicial, foi afectada por um vírus. As pessoas dizem as maiores barbaridades sem ter noção da gravidade do que estão a dizer. Veja-se, hoje, Cândida Almeida no Expresso: "[Tal como Pinto Monteiro, também ouve ruídos no telemóvel?] Ruídos? Sim, e muitas vezes ponho em causa se não estou a ser escutada. É tão fácil. Por isso não tenho conversas importantes ao telefone. Faço reuniões. E quando quero mesmo falar com o senhor PGR, ligo-lhe e vou ter com ele. (Expresso/Única, 31.1.2009: 20).

A nossa elite é isto. Ou também é isto. Não tem a noção do alcance das suas palavras. A nossa elite tem sempre a boca cheia de sentido de Estado e de pose institucional, mas depois larga atoardas deste calibre. É claro que ficamos todos muito mais descansados pelo facto de Cândida Almeida não falar ao telefone com o "senhor PGR". Afinal, como se sabe -- e se não sabe ficou a saber -- é tão fácil colocar o telefone de uma procuradora sob escuta. Difícil é colocar o gabinete do PGR sob escuta. Algo que, como se sabe, nunca aconteceu. É por isso que Cândida Almeida prefere reuniões e vai ter com o "senhor PGR".

Pela minha parte, com as voltas que a vida dá, até tremo só de pensar que um dia posso estar nas mãos destes senhores da PGR. Não me inspiram nenhuma confiança.

Calma e tranquilidade...

João Carvalho, 31.01.09

Freeport, Portucale, Isaltino, Valentim, antiga Câmara de Lisboa, antiga Câmara do Porto, submarinos, helicópteros, Siresp, Felgueiras, BCP, BPN, Parque Mayer, casino, 'Operação Furacão', sei lá que mais. Corro o risco de ser injusto: posso ter metido uns a mais e peço que me desculpem, mas devo ter-me esquecido de mais uns quantos, porque não há memória que aguente.

Será importante lembrar estas coisas? Não sei. Fica ao vosso critério. Só me lembrei por estarmos à vista de eleições legislativas e autárquicas. Com os mesmos partidos e, aqui e ali, até com os mesmos candidatos? Com os mesmos suspeitos e, aqui e ali, até com os mesmos arguidos? Temos de esperar com calma e tranquilidade, não é?

Destes, gosto mesmo! (11)

Paulo Gorjão, 31.01.09

 

Acho que é a primeira vez que participo nestas coisas das correntes. Tiago Loureiro citou, simpaticamente, o Delito de Opinião. Dou, pois, continuidade à corrente. Destes, gosto mesmo:

A Barbearia

A Grande Alface

Avenida Central

Blasfémias

Câmara de Comuns

Corta-Fitas

Da Literatura

Elevador da Bica

Geração de 60

Hoje Há Conquilhas

Margens de Erro

Pedro Rolo Duarte

Portugal dos Pequeninos

Praça da República

Vasco Campilho

Ainda a campanha negra

Paulo Gorjão, 31.01.09

Não foi apenas a PGR que, aparentemente, esteve a dormir em serviço desde 2005. Nitidamente, a comunicação social também hibernou nesse período. A facilidade com que agora se descobrem novos pedaços de informação significa que alguém não fez o que lhe competia desde 2005. E o que lhe competia era investigar, levantar as pedras, informar. Doa a quem doer, independentemente de conveniências pessoais e políticas.

Momentos como este que actualmente vivemos ajudam a perceber melhor a importância da existência de jornalismo de investigação, por um lado, e, por outro, o perigo que existe na excessiva concentração dos meios de informação em dois ou três grandes grupos.

 

 

Passos Coelho e o Freeport

Paulo Gorjão, 31.01.09

O jornal Público refere que Pedro Passos Coelho se pronunciou ontem numa conferência sobre o caso Freeport. Pessoalmente entendo que não o deveria ter feito. Dito de outra maneira, eu não o teria feito se estivesse no lugar de PPC.

Adiante. PPC não pode dizer duas ou três palavras sem que se procure pontos de convergência ou divergência com Manuela Ferreira Leite. De imediato se refere no jornal que PPC "contrari[ou] a linha que tem vindo a ser seguida pela direcção nacional do PSD". Nesta matéria não faltam exemplos de outros militantes do PSD que contrariam todos os dias a direcção nacional do PSD. Alguns, por mero acaso, politicamente muito próximos de Manuela Ferreira Leite.

O primeiro presidente do Havai

Pedro Correia, 31.01.09

  

 

Barack Obama será mesmo o 44º Presidente dos Estados Unidos da América? Convencionou-se dizer e escrever que sim. Mas nem todos concordam. Porque este histórico elenco de 44 inquilinos da Casa Branca tem um repetente: Grover Cleveland foi presidente no quadriénio 1885-1889 e renovou a experiência entre 1893 e 1897. Em estrito rigor, não devia ter sido contabilizado duas vezes – era esta, por exemplo, a opinião de um dos seus mais prestigiados sucessores, Harry Truman. Quando alguém lhe chamava 33º presidente norte-americano, Truman corrigia sempre: “Sou o 32º” Lembrando-se do Grover Cleveland da sua infância, democrata dos quatro costados como ele.

 

Ao contrário do que sucede nos Estados Unidos da América, em Portugal não se costuma contabilizar por duas a presidência de Bernardino Machado, que teve um primeiro capítulo entre 1915 e 1917 (interrompido pelo golpe de Sidónio Pais) e um segundo e derradeiro capítulo entre 1925 e 1926 (interrompido pelo golpe de Gomes da Costa em 28 de Maio).
Quadragésimo-terceiro ou quadragésimo-quarto, Barack Hussein Obama é o primeiro ocupante da Casa Branca de ascendência africana e com um nome cheio de conotações islâmicas. Será também o primeiro natural do Havai, que só se tornou estado em 1959, dois anos antes de ele nascer, sob a presidência de Dwight David Eisenhower. É um motivo de natural orgulho para os havaianos, tanto mais que apenas 21 dos 50 estados norte-americanos foram até hoje berço de presidentes. E há até estados muito importantes, como o Michigan ou a Florida, que nunca deram nenhum inquilino à Casa Branca.
 
Mais de metade dos 43 presidentes vieram só de quatro estados. Com vantagem para a Virgínia, o estado natal de oito chefes do poder executivo norte-americano (George Washington, Thomas Jefferson, James Madison, James Monroe, William Henry Harrison, John Tyler, Zachary Taylor e Woodrow Wilson). Segue-se muito de perto o Ohio, com sete (Ulysses Grant, Rutherford Hayes, James Garfield, Benjamin Harrison, William McKinley, William Howard Taft e Warren Harding). Quatro vieram de Nova Iorque (Martin Van Buren, Millard Fillmore, Theodore e Franklin Roosevelt) e outros quatro de Massachusetts (John Adams, John Quincy Adams, John Fitzgerald Kennedy e George Herbert Bush).
Foi preciso esperar quase duzentos anos para haver um presidente natural do Texas (Eisenhower, seguindo-se pouco depois Lyndon Baines Johnson) e outro da Califórnia (Richard Nixon). E o Illinois só forneceu um presidente à entrada do terceiro século de independência norte-americana: Ronald Reagan, eleito em 1980.
 
Outros estados que foram berço de presidentes: Vermont, Carolina do Norte (ambos com dois), Carolina do Sul, New Hampshire, Nova Jérsia, Iowa, Missuri, Arcansas, Georgia, Nebrasca, Pensilvânia e Connecticut (um cada).
O Kentucky também só foi estado natal de um presidente. Mas pode orgulhar-se de que esse presidente é hoje considerado o melhor de todos os tempos nos Estados Unidos: Abraham Lincoln (que ocupou a Casa Branca desde 1861 até ser assassinado em 1865). Sem ele, o mais firme e consequente defensor da cidadania negra na pátria de Washington e Jefferson, talvez um afro-americano de origem humilde e nome árabe, como Barack Hussein Obama, não estivesse hoje onde está.

Soneca

João Carvalho, 31.01.09

O André Couto conseguiu, aqui em baixo, dar-me a esperança de tirar uma soneca esta tarde. É que a noite que passou dormi pouco e mal. Ainda por cima, acordei sobressaltado a pensar em inglês técnico: Who framed Zezito? Vou ver, portanto, se faço a sestazinha dos justos. Obrigado e até depois da pestanada, André!

"Cardápio à la carte..." [3]

André Couto, 31.01.09

Política Nacional, Caso Freeport:

Paulo Ferreira, Vá para fora, cá dentro;

Daniel Reis, Ultimatum;

Miguel Abrantes, Poderes (o)cultos;

Fernanda Câncio, roga-se: leiam a carta;

Rui Pena Pires, Populismo judicialista;

Tiago Barbosa Ribeiro, Fantasmas;

Eduardo Pitta, A CartaFicção e Realidade;

 

Post do dia:

Paulo Pedroso, Pacheco Pereira merece bengaladas;

 

Com a actualidade exclusivamente dominada pelo Caso Freeport deixo hoje nove textos sobre este tema. São visões muitos diferentes da maioria do que tenho lido mas que, por algum motivo, individualmente prenderam a minha atenção.

 

Como post do dia destaco o de Paulo Pedroso, em especial na medida em que transporta a sua experiência pessoal para o caso que tem dominado em exclusivo a actualidade. É impossível ficar-lhe indiferente.

O braço esquerdo de Sócrates

Pedro Correia, 31.01.09

 

Augusto Santos Silva sente-se indignado com a "continuação da campanha política" contra o primeiro-ministro. Acredito: é a segunda vez, em dois dias, que se pronuncia sobre o caso Freeport. Mas talvez seja demasiado prolixo, este 'braço esquerdo' de Sócrates: recomendo-lhe alguma da sábia contenção que a generalidade dos dirigentes da oposição - começando por Manuela Ferreira Leite - tem revelado nesta matéria. Não vá dar-se o caso de ainda dizer alguma coisa de que depois venha a arrepender-se. Recordo que este foi o mesmo ministro que, na recta final das presidenciais de Janeiro de 2006, quando o desespero já se apossava do núcleo de apoiantes de Mário Soares, proferiu a mais desastrada frase de toda a campanha socialista. Ao vaticinar que a eleição de Cavaco Silva para o Palácio de Belém seria "um golpe de estado constitucional".

Seria útil que Santos Silva falasse um pouco menos por estes dias. Aliás, a melhor maneira de ajudar o fragilizado chefe do Governo é mesmo remeter-se ao silêncio. Já.

Segredos...

João Carvalho, 30.01.09

A famosa carta rogatória tem 14 páginas. A RTP abre o Telejornal a dizer que teve acesso a ela e Rita Marrafa de Carvalho, enviada a Inglaterra há alguns dias, dá amplamente conta dos detalhes. Quebra do segredo de justiça? Quebra do segredo de justiça em Londres, talvez. A menos que a RTP esteja à testa da «campanha negra» e a Rita seja o rosto visível dos «poderes ocultos»...

Por Baco e Dionísio!

Carlos Barbosa de Oliveira, 30.01.09

Com o fim de semana à porta lembrei-me que, depois da tensão dos últimos dias, poderia escrever sobre o vinho, para animar as hostes.
Já experimentou pedir num desses bares que animam a noite lisboeta uma garrafa de vinho? Se nunca o fez, experimente! Vai ver a cara da pessoa a quem fez o pedido e sentir-se como um bêbado que se enganou na porta da taberna.
Na noite lisboeta corre a insípida cerveja, o social whisky, o altaneiro gin, a democratizada vodka, ou o empertigado rum.
Volteiam no ar os “shots”, integra-se, sorrateiro, o absinto, acampou a folgazona caipirinha, mas a entrada está vedada ao vinho.
Sendo entre todas estas bebidas, com excepção de algumas cervejas, a de mais baixo teor alcoólico, o vinho foi proscrito da noite (com a quase honrosa excepção das casas de fado) e deixou de ser considerado “bebida socialmente correcta” - a não ser que venha seguido dos qualificativos Porto ou Madeira, esses sim com direito a acompanhar outras bebidas estrangeiras.
Mas se o leitor for daqueles que não desistem à primeira e obstinadamente procurar beber vinho num desses locais de culto da noite lisboeta, fica desde já avisado de dois pequenos pormenores: a oferta é reduzidíssima e os preços avassaladores.
Na Bíblia podem encontrar-se 450 citações sobre o vinho, todas elas em defesa do precioso néctar, considerado bebida sagrada que todos devem ter direito a usufruir.
Então, por que razão anda por aí gente a querer tirar-nos esse direito?

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