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Delito de Opinião

Para tudo há um preço

Pedro Correia, 29.07.10

"A PT é uma empresa muito importante para o País. E a participação da PT na Vivo é um activo estratégico de sucesso no mercado brasileiro - é mesmo a empresa de telecomunicações nº 1 no Brasil. Sucede que a internacionalização da PT e a sua presença no Brasil é absolutamente fundamental para a economia portuguesa.
Eu compreendo, por isso, muito bem o interesse dos espanhóis da Telefónica em comprar uma empresa tão boa como a Vivo, tal como compreendo os interesses financeiros dos accionistas da PT em obterem ganhos de curto prazo.
Mas ao Estado Português não compete defender os interesses das empresas espanholas, nem interesses financeiros de curto prazo - mas sim os interesses estratégicos do País. E a verdade é que esta proposta não convenceu o Estado, não convenceu o Governo."

São palavras de José Sócrates, impressas há exactamente 28 dias, no jornal Público. Palavras, como tantas outras deste primeiro-ministro, destinadas a figurar numa espécie de antologia muito particular. Nem um mês decorreu e já a poderosa Telefónica passa a liderar o mercado brasileiro de telecomunicações após adquirir a participação da PT num raide digno dos filmes do Rambo. Diferença: oferecia 7,15 mil milhões de euros, mas acabou por oferecer 7,5 mil milhões. Olé.

Sócrates, como sempre ocorre quando é ultrapassado pelos acontecimentos, congratula-se com o sucedido: "Valeu a pena ter resistido às pressões." Já está esquecido das suas próprias palavras, aparentemente tão categóricas, dadas à estampa no início do mês. Ficam reimpressas aí em cima, com a devida vénia: a função dos blogues é também a de reavivar permanentemente a memória dos leitores. Entretanto, ficamos a saber qual é o valor exacto dos "interesses estratégicos do País", na óptica do primeiro-ministro: 350 milhões de euros. Razão tinha o outro: para tudo há um preço.

 

ADENDA: Em matéria de nacionalismo económico, o Brasil dispensa lições portuguesas. Como sempre foi óbvio. (Via Blasfémias)

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