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Delito de Opinião

Sci-Fi: os meus filmes (15)

João Campos, 23.04.10

 

1. 2001: A Space Odyssey (Stanley Kubrick, 1968)

De todos os comentários que tenho escrito aos filmes desta lista, este foi o mais difícil. Se 2001: A Space Odyssey é, para mim, o melhor filme de sempre, é também um filme difícil de descrever, ou mesmo de sobre ele escrever. Começa-se por onde? Pela maior e mais fantástica elipse da história do cinema? Pelo silêncio que pauta a narrativa, mostrando o espaço com um realismo ainda insuperado, e interrompido, a espaços, por uma banda sonora fabulosa? Pela angústia da cena - sem dúvida os mais longos cinco minutos que vivi em cinema - em que Bowman deixa a nave no módulo para salvar o seu companheiro no abissal vazio do espaço, ou mesmo pela angústia de uma difusa sensação de solidão permanente que o filme transmite? Ou por Hal, o computador da nave e um dos mais famosos vilões que já apareceram em filme (apesar de, na prática, Hal nunca aparecer) a despedir-se de Dave com a mesma frieza com que desliga o suporte de vida dos astronautas? Podíamos também notar a atenção ao detalhe, imagem de marca de Kubrick e neste filme levada ao extremo, tornando-o, e digo-o novamente, no filme "espacial" mais realista feito até ao presente. Ou poderíamos divagar, e entrar nas discussões que começaram em 1968, ano de estreia do filme (há 42 anos): qual a origem dos monólitos? O que acontece aos astronautas na Lua quando o "alarme" dispara? Qual o significado da trip que ocupa o longo final do filme? O que acontece a Dave? Ascende a uma outra condição? A qual? Perguntas ainda hoje sem resposta, pelo menos para quem apenas viu o filme (há sequelas, e há os romances escritos por Arthur C. Clarke): mais uma prova da longevidade de 2001, filme que após quatro décadas continua a suscitar debate. A frase de Dave, "open the pod bay doors, Hal", ficou gravada na história do cinema. Com razão: naquele momento, e independentemente de quando vimos o filme, todos estávamos a sair para o espaço com Bowman.

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