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Delito de Opinião

Uma questão de prioridades (2)

José Gomes André, 13.02.09

Procuremos responder a este texto de Fernanda Câncio sobre o meu post. Passemos por cima da sua estratégia habitual para menosprezar os seus interlocutores (como a de me chamar "cara pessoa") e falemos da substância do problema. É evidente que o tema do trânsito da Baixa é polémico, mas que existem bons argumentos para o defender. Contudo, "poder apanhar um táxi e sair à porta das lojas" quando a zona está cheia de transportes públicos não é seguramente um deles. Tal como não é sério referir-se na mesma frase ao “bem comum” e ao direito dos habitantes da Rua do Ouro e da Prata em abrirem as janelas e não “sentirem a casa a tremer na hora de ponta”.

O debate sobre o bem público tem que ir para além destes sentimentos egoístas e desta lógica bairrista (não por acaso Fernanda Câncio mora na Baixa), porque senão amanhã os habitantes do Saldanha, de Benfica e do Campo Grande também vão querer fechar as estradas para respirarem melhor e não ouvir carros nem ambulâncias. A questão, como sempre, é pesar as vantagens e inconvenientes de uma medida tendo em conta quem dela usufrui directa ou indirectamente. E embora me pareça uma boa ideia limitar o trânsito numa zona histórica (para habitantes, turistas e frequentadores), é igualmente verdade que a Baixa corresponde a um vector fulcral no tráfego da capital.
Sem se remodelar o sistema de transportes públicos gerais e sem se projectarem vias alternativas para o trânsito, o fecho do tráfego na Baixa conduzirá a um entupimento de zonas limítrofes como a Avenida da Liberdade, o Marquês e a zona das Amoreiras, já de si francamente congestionadas. Imagino que para quem pretenda fazer compras na Baixa, isto tenha pouca importância. Mas para os muitos lisboetas que necessitam de viatura própria para chegar ao trabalho, pode ser a diferença entre um dia normal e uma visita ao Inferno.

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